Venezuela. Organização regista 41 violações da liberdade de imprensa

por Lusa

A organização civil Instituto de Imprensa e Sociedade (IPYS Venezuela) registou 32 casos, que constituem 41 violações da liberdade de imprensa, durante as eleições presidenciais de domingo na Venezuela.

A IPYS Venezuela disse que as violações foram registadas em 13 dos 24 estados do país e se concretizaram em "27 restrições ao acesso à informação, uma detenção arbitrária, uma deportação e 12 agressões físicas ou verbais", de acordo com um comunicado divulgado na segunda-feira.

Em 21 assembleias de voto foi negado o acesso à imprensa com acreditação emitida pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano, indicou.

As violações foram realizadas principalmente por oficiais do Plano República [destacamento de militares para proteger o material eleitoral e os centros de votação], envolvidos em 16 casos, mas também por coordenadores das assembleias de voto, de pessoas não identificadas, de oficiais da Guarda Nacional Bolivariana [polícia militar], de apoiantes pró-governamentais, da Direção-Geral de Contrainteligência Militar [serviços de informações], de membros da Polícia de Barinas, de oficiais das milícias e de membros de um conselho comunitário.

"A recusa de entrada de dois jornalistas colombianos na Venezuela e a deportação de um jornalista argentino vieram juntar-se ao discurso estigmatizante contra a imprensa estrangeira", acrescentou.

A organização disse existir um padrão recorrente de bloqueio de portais de informação `online`, de plataformas de verificação da informação e de organizações da sociedade civil.

Também que foram afetados repórteres, fotojornalistas e operadores de câmara, na Área Metropolitana de Caracas e nos estados de Bolívar, Miranda, Trujillo, Nueva Esparta, Cojedes, Sucre, Arágua, Barinas, Mérida, Táchira, Vargas e Zúlia.

As denúncias documentadas incluíram nove intimidações com agressões verbais ou atos intimidatórios, duas restrições ao direito de fazer perguntas e recusas de informação de parte de funcionários, duas destruições do material informativo registado por jornalistas e um ato de assédio.

"A IPYS Venezuela exige que as autoridades e os atores do cenário eleitoral garantam as condições necessárias para o livre exercício do jornalismo", indicou na mesma nota.

A organização sublinhou que "o acesso à informação livre e sem restrições é fundamental para promover a transparência e a participação dos cidadãos nos processos eleitorais".

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou na segunda-feira a reeleição de Nicolás Maduro para um terceiro mandato (2025-2031) consecutivo, com 51,2% dos votos.

O principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, obteve 44,2%, de acordo com os dados oficiais divulgados pelo CNE.

A oposição venezuelana reivindica a vitória nas presidenciais de domingo, com 70% dos votos para González Urrutia, afirmou a líder opositora María Corina Machado, recusando reconhecer os resultados proclamados pelo CNE.

Vários países já felicitaram Maduro pela vitória, como Rússia, Nicarágua, Cuba, China e Irão, mas outros demonstraram grande preocupação com a transparência das eleições na Venezuela como Portugal, Espanha e Estados Unidos.

Entretanto, a Venezuela anunciou retirou o pessoal diplomático de sete países latino-americanos, em protesto contra a ingerência de governos que contestam a reeleição de Maduro.

Caracas considerou que a posição destes países, Argentina, Chile, Costa Rica, Panamá, Peru, República Dominicana e Uruguai, "mina a soberania" venezuelana.

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