Venezuela. Nova fase de ajuda aos portugueses está no terreno

por RTP
Marco Bello - Reuters

O Governo português tem o aval do poder em Caracas para a nova fase de apoio aos portugueses e lusodescendentes que estão na Venezuela. O plano prevê um reforço do apoio social, médico e de medicamentos, usando uma estrutura montada com a rede consular na Venezuela, várias associações e a Associação de Médicos de Origem Luso-Venezuelana. A saúde é uma das prioridades.

A associação de médicos, criada em 2003 e que conta com o apoio do Estado português, tem 300 médicos e cinco postos de saúde em cinco cidades venezuelanas. Postos de saúde que vão ser visitadas pelo secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, durante uma visita de seis dias que tem início no sábado.

Em entrevista à RTP, o secretário de Estado revela que na deslocação à Venezuela serão anunciadas “novas medidas que vêm reforçar os apoios” que são dados à comunidade portuguesa e lusodescendente residente no país. Medidas em várias áreas, por exemplo, num programa específico de emprego. A comitiva portuguesa vai integrar por isso, representantes de vários ministérios.

José Luís Carneiro refere que este é o resultado de um conjunto de iniciativas que foram sendo tomadas desde 2016, aos primeiros sinais de inquietude social e económica no país da América Latina. Em várias visitas realizadas a 22 dos 23 Estados venezuelanos foi possível criar canais de apoio com associações e famílias em várias áreas, desde o apoio social, alimentar, medicamentoso, apoio ao repatriamento ou documentação.

Na nova fase, destaque para a Associação de Médicos de Origem Luso-Venezuelana. “Esta associação, que estava constituída, mas sem apoio para poder operar, passou a recebe apoio do Estado português para criar pontos para identificar as necessidades de medicamentos e fazer a triagem e o diagnóstico” das necessidades de saúde da comunidade. Uma triagem que inclui a possibilidade de trazer para Portugal os casos que necessitam de tratamento ou internamento.

De acordo com o secretário de Estado, as autoridades venezuelanas têm mostrado abertura para acatar as iniciativas portuguesas. Algo essencial, realça, porque sem autorização, esta rede de apoio estaria impossibilitada de trabalhar. O ministro português dos Negócios Estrangeiros participou em reuniões neste sentido em Caracas, em janeiro e as deslocações de José Luís Carneiro ao país têm sido frequentes.

Na agenda da visita oficial está ainda a tentativa de concretizar uma reunião entre o vice-ministro das Relações Exteriores e os empresários portugueses que foram alvo de inspeções económicas na Venezuela, na tentativa de permitir que os negócios portugueses se integrem nas novas regras estabelecidas por Caracas.

Se isso não for possível de imediato, o secretário de Estado pretende chegar a um entendimento com as autoridades para criar um “período de ajustamento” que permita que as empresas de portugueses continuem a trabalhar.

José Luís Carneiro lembra que a Venezuela tem assumido que “a comunidade portuguesa é muito relevante para a vida quotidiana” na Venezuela, até porque as empresas laboram na área alimentar. De distribuição alimentar e hotelaria.

Doze portugueses e lusodescendentes gerentes de supermercado chegaram a ser detidos na Venezuela com acusações de boicote e violação dos preços.

Na terça-feira, o governo regional da Madeira revelou que desde 2016, a região já recebeu cerca de seis mil emigrantes portugueses e luso-descendentes vindos da Venezuela. Na região há 4,2 milhões de euros disponíveis para o apoio, tendo sido gastos já dois milhões.

José Luís Carneiro garante que este é um apoio dirigido a todas as pessoas com carências económicas e não apenas para esta comunidade que regressa. Garante que, caso seja necessário, o Governo está disponível para reforçar esta verba.

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