O Ministério Público da Venezuela emitiu um mandado de captura internacional contra o político venezuelano Juan Guaidó, a residir nos EUA, e que, em 2019, se autoproclamou presidente interino do país.
Guaidó é acusado dos crimes traição à pátria, usurpação de funções, aproveitamento ou desvio de dinheiro, títulos e bens públicos, branqueamento de capitais e associação criminosa, disse o Procurador-Geral da Venezuela, Tarek William Saab, em conferência de imprensa, na sede do Ministério Público (MP), em Caracas.
"Perante revelações de um tribunal dos EUA, designámos os procuradores 67º, 73º e 74º, com jurisdição nacional, para emitirem um mandado de captura contra ele e solicitar um alerta vermelho à Interpol para que este indivíduo pague pelos crimes conhecidos pela justiça nos EUA", disse o responsável.
Ao fazer o anúncio, Saab explicou que "tem sido uma tarefa imediata a de divulgar algo que confirma o que avançava o MP nas suas investigações: a magnitude dos danos causados ao tesouro nacional pelas suas ações como criminoso internacional e chefe de uma quadrilha criminosa estruturada".
Citando documentos do tribunal de Delaware, nos EUA, Saab explicou que Guaidó usou recursos da petrolífera estatal Petróleos da Venezuela SA (Pdvsa) em proveito próprio e "obrigou" uma filial da empresa a aceitar termos de refinanciamento que causaram "perdas à nação de 19 mil milhões de dólares" (cerca de 18,03 mil milhões de euros), o que "resultou na perda quase definitiva da Citgo", empresa petrolífera venezuelana nos EUA.
Tarek William Saab denunciou também "ações negativas do alegado Procurador-geral do governo fictício de Guaidó, José Ignácio Hernández", que, "deveria defender os interesses da Venezuela e em vez disso, forneceu aos credores da Pdvsa os argumentos que levaram a um embargo da Citgo nos EUA".
Durante as declarações, transmitidas pela televisão estatal venezuelana, o responsável referiu que o MP tem em curso 23 investigações contra Juan Guaído, pelos crimes de "usurpação de funções, branqueamento de capitais, terrorismo, tráfico de armas, traição à pátria e associação para cometer crime e mais cinco por irregularidades na gestão da Monómeros (empresa petroquímica sediada na Colômbia, filial da Pdvsa)".
Guaidó é ainda investigado pelo "roubo de ativos do Estado venezuelano no estrangeiro e pelo alegado desvio de fundos destinados originalmente para ajudas humanitárias" a venezuelanos.
Em investigação está também "a participação e o financiamento de atos de conspiração contra as autoridades legitimamente constituídas".Opositor reage ao mandado
O opositor venezuelano Juan Guaidó acusou o governo de Caracas de "perseguir física e moralmente" a oposição.
"É assim que funciona a máquina de promoção de mentiras da ditadura: a mentira póstuma para branquear a sua propaganda e perseguir física e moralmente a oposição venezuelana", escreveu na rede social X (antigo Twitter).
Foi assim que Juan Guaidó, a residir nos Estados Unidos, reagiu à decisão do Ministério Público da Venezuela de emitir um mandado de captura internacional contra si, pelos crimes de traição à pátria, usurpação de funções, aproveitamento ou desvio de dinheiro, títulos e bens públicos, branqueamento de capitais e associação criminosa.
Por outro lado, num vídeo divulgado na rede social Instagram, Guaidó questiona por que razão "só agora" é emitido um mandado de detenção contra si e desafia o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, a apresentar-se no Tribunal Penal Internacional, em Haia, para determinar quem tem contas pendentes com a justiça internacional.