Venezuela. Detidas sobrevivem sem água e amontoadas em celas

por Lusa
A situação em redor das cadeias é de permanente conflito Carlos Garcia Rawlings - Reuters

Uma organização não-governamental venezuelana denunciou que as mulheres detidas no país são constantemente sujeitas a tratamentos desumanos que vão de tortura física e psicológica à recusa de cuidados médicos adequados.

O Observatório Venezuelano de Prisões (OVP) deu conta da situação, sem identificar as fontes por receio de represálias, em que se encontram pelo menos 70 mulheres detidas no contexto da repressão pós-eleitoral no país, no Centro de Formação para Mulheres Presas "La Crisálida", a sul de Caracas.

As mulheres encontram-se "em grupos de 10 pessoas em cada cela, recebendo apenas um balde de água para que todas possam satisfazer as necessidades básicas e de higiene", disse a ONG de defesa dos direitos dos presos, em comunicado.

"Não recebem uma alimentação equilibrada e suficiente, pois apenas comem massa com mortadela", indicou.

Durante o dia "são alegadamente maltratadas pela diretora do centro, que lhes deita água fria e as rotula e estigmatiza de terroristas", ameaçando "que vão passar muito tempo privadas da liberdade", acrescentou.

Por outro lado, o OVP indicou que as visitas femininas "são submetidas a revistas invasivas" e "são também obrigadas" a vestir um tipo de roupa, como camisa branca, calças de ganga e sandálias.

O OVP disse ter recebido denúncias de irregularidades no processo judicial contra estas mulheres e "em muitos casos, não foi possível encontrar os processos das detidas nem os registos no sistema correspondente".

"Esta falta de documentação é inaceitável, especialmente quando já foram presentes a um tribunal com funções de controlo, que deveria dispor de um processo que reflita as atuações realizadas até à data", considerou.

 

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