Venezuela. Campanha eleitoral marcada por uma escalada da repressão

por Lusa
As eleições presidenciais na Venezuela estão envoltas numa crescente ameaça de violência Reuters

A organização Amnistia Internacional (AI) denunciou a escalada de repressão durante o período da campanha eleitoral na Venezuela, que realiza as eleições presidenciais no domingo, lançando um alerta sobre a situação no país nas próximas semanas.

Esta quinta-feira encerra-se o período oficial de campanha eleitoral, que teve início em 4 de julho, para as eleições presidenciais na Venezuela.

Os meses que antecederam essas eleições foram marcados por ataques incessantes ao espaço cívico, dezenas de detenções arbitrárias, desaparecimentos forçados, tortura, represálias contra comerciantes e prestadores de serviços e medidas administrativas arbitrárias e abusivas”, declarou Ana Piquer, diretora da Amnistia Internacional para as Américas, citada num comunicado da organização não-governamental (ONG) de direitos humanos.

Para a responsável da AI, “perante o contexto de discursos intimidatórios, censura e perseguição”, a Amnistia Internacional exige “que as autoridades garantam e respeitem inquestionavelmente os direitos de todas as pessoas na Venezuela durante e após o dia 28 de julho”.

A Amnistia Internacional apelou à “libertação imediata e incondicional de todas as pessoas detidas arbitrariamente por razões políticas no país, como Rocío San Miguel, Javier Tarazona e Carlos Julio Rojas”. Nessa mesma linha, a ONG sublinhou que é imperativo terminar com as detenções arbitrárias, desaparecimentos forçados e atos de tortura contra aqueles que pensam de forma diferente e contra aqueles que defendem os direitos humanos.

Ana Piquer declarou ainda que “no atual contexto de escalada da repressão, a investigação em curso do gabinete do procurador do Tribunal Penal Internacional teria competência para investigar os responsáveis por eventuais detenções, torturas, violência baseada no género e perseguições cometidas em âmbito eleitoral”.

As autoridades responsáveis por estes crimes, dentro de toda a cadeia de comando, podem e devem ser levadas a tribunais de justiça independentes e imparciais, com todas as garantias de um processo justo”, segundo Piquer.

A comunidade internacional deve manter um compromisso absoluto com os defensores dos direitos humanos que cumprem uma tarefa crucial na proteção das pessoas mais vulneráveis na Venezuela. Esperamos também que mantenham a sua atenção e apelos à ação junto das autoridades venezuelanas, em apoio aos esforços das vítimas, familiares e defensores dos direitos humanos para obter verdade, justiça e reparação pelos crimes perpetrados no país”, afirmou a responsável da AI.

No domingo, mais de 21 milhões de venezuelanos vão às urnas escolher o próximo presidente do país.

Entre os 10 candidatos na corrida presidencial estão o atual chefe de Estado, Nicolás Maduro – do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), que pretende alcançar um terceiro mandato de seis anos -, e Edmundo Gonzalez Urrutia (do Mesa de Unidade Democrática/MUD), candidato da oposição que a maioria das sondagens coloca na liderança para a presidência.


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