O opositor venezuelano Edmundo González Urrutia, que reivindica a vitória nas eleições presidenciais de julho, disse hoje, a partir da República Dominicana, que "muito em breve" verá os venezuelanos em Caracas, "em liberdade".
"Vemo-nos todos muito em breve em Caracas, em liberdade", declarou González Urrutia, na véspera da tomada de posse do Presidente cessante, Nicolás Maduro, para um terceiro mandato, e enquanto a oposição se manifesta hoje em toda a Venezuela.
González Urrutia, antigo embaixador de 75 anos, foi hoje recebido pelo Presidente dominicano, Luis Abinader, no palácio presidencial, onde chegou acompanhado de vários ex-chefes de Estado do grupo IDEA (Iniciativa Democrática de Espanha e das Américas), entre os quais o colombiano Andrés Pastrana e os mexicanos Vicente Fox e Felipe Calderón.
"O regime de Maduro recusa-se a aceitar a derrota que sofreu" nas urnas e "optou, ao invés, por desencadear a pior escalada de repressão da história do nosso país (...) Nós, os venezuelanos, estamos determinados a persistir nesta luta até ao fim", acrescentou González Urrutia.
"A 28 de julho, a Venezuela expressou-se claramente: o seu voto foi um grito de liberdade que foi recebido com repressão e fraude", afirmou, por sua vez, Abinader, antes de se dirigir às autoridades venezuelanas: "Ainda há tempo para passar para o lado certo da história, para abrir as portas a uma transição pacífica para a democracia".
Exilado desde setembro, González Urrutia, a concluir um périplo diplomático que incluiu Argentina, Uruguai, Panamá e, sobretudo, Washington e a Casa Branca, tinha previsto regressar à Venezuela acompanhado por estes antigos presidentes latino-americanos para prestar juramento em vez de Maduro - um projeto que parece ter sido abandonado, apesar de Santo Domingo ficar a apenas uma hora de avião de Caracas.
As autoridades venezuelanas advertiram o candidato presidencial da oposição e a sua comitiva de que seriam considerados uma "força invasora" e detidos à chegada ao país.
O Presidente, Nicolás Maduro, foi proclamado vencedor das presidenciais de 28 de julho, com 52% dos votos, pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), considerado sob controlo do poder.
O CNE não divulgou as atas eleitorais das assembleias de voto, afirmando ter sido vítima de um ataque informático, um argumento considerado pouco credível por muitos observadores.
A oposição, que divulgou as atas eleitorais fornecidas pelos seus escrutinadores, garante que o seu candidato, Edmundo González Urrutia, obteve mais de 67% dos votos.