Pelo menos seis pessoas ficaram feridas este sábado após terem sido disparados tiros de um carro na cidade italiana de Macerata. A imprensa local faz a ligação entre o tiroteio de hoje e entre um brutal homicídio ocorrido recentemente na mesma cidade.
A agência Ansa revela que os tiros foram disparados a partir de um Alfa Romeo. Um homem de 28 anos foi detido pela polícia, revelou a comuna de Macerata no Twitter. Antes, na mesma página, a polícia tinha pedido aos habitantes que se mantivessem em casa até que a situação estivesse controlada.
O Corriere della Sera relata que o homem detido pela polícia estava de cabeça rapada, trazia uma bandeira italiana amarrada ao pescoço. Quando foi intercetado pela polícia, o suspeito terá feito a saudação nazi. A polícia encontrou uma arma dentro da viatura.
O suspeito é identificado como Luca Traini, um homem de 28 anos que em 2017 foi candidato a eleições autárquicas em Marche pelo Lega Nord, partido italiano de extrema-direita.
Segundo a imprensa local, uma das teses inicialmente admitidas pela polícia era a de "vingança" contra a comunidade nigeriana naquela cidade, devido ao homicídio de Pamela Mastropietro, uma jovem de 18 anos cujo cadáver foi encontrado desmembrado e metido em duas malas, na última quarta-feira.
Um homem de 29 anos, de origem nigeriana e requerente de asilo em Itália é o principal suspeito pelo crime que está a chocar o país. O tiroteio desta manhã ocorreu junto ao local onde decorrem as investigações do homicídio, mas a relação entre os dois casos ainda não foi comprovada.
Primeiro-ministro condena ataque
Durante a tarde, o primeiro-ministro italiano Paolo Gentiloni condenou o ataque contra imigrantes e afirmou que o "ódio e a violência" não vão dividr o país.
"Uma coisa é certa, crimes horríveis e comportamentos criminosos serão processados e punidos. Esta é a lei", garantiu o chefe de Governo.
Gentiloni assegurou ainda que a Justiça será particularmente severa para todos que alimentem "uma espiral de violência".
Quem também reagiu ao tiroteio desta manhã foi Matteo Salvini, líder da Liga do Norte, que disse desejar chegar ao Governo para "devolver a segurança a toda a Itália, a justiça social e a serenidade", considerando que a "imigração fora de controlo, uma invasão como a dos últimos anos, leva a um desencontro social".
Salvini, que concorre com o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi numa coligação que as recentes sondagens apontam como possível vencedora, atribui a "responsabilidade moral" de cada caso de violência que aconteça no país "a todos aqueles que encheram o país de clandestinos".
Antonio Marchesi, representante da Amnistia Internacional em Itália, veio lamentar o sucedido, considerando que "o clima de ódio que circula no país em vésperas da campanha eleitoral não é prenúncio de nada de bom".
O tiroteio acontece em plena pré-campanha eleitoral para as eleições gerais italianas, que se realizam a 4 de março.