Maputo, 30 out (Lusa) - O embaixador português em Maputo, José Augusto Duarte, disse que está "absolutamente convencido que Moçambique é um país em que vale verdadeiramente a pena investir", apesar da situação político-militar que se vive nos últimos dias.
Moçambique atravessa a sua pior tensão política e militar desde a assinatura do Acordo Geral de Paz em 1992, desde que o exército moçambicano anunciou um ataque e ocupação de Sandjudjira, local onde Afonso Dhlakama viveu durante um ano.
Falando hoje à Lusa, em Maputo, o diplomata português disse que as autoridades portuguesas acompanham "com atenção o desenvolvimento das coisas que acontecem no país" e afirmou não ter conhecimento de algum empresário português que tenha desistido da ideia de investir em Moçambique, por causa da atual situação político-militar.
"Todos os povos e todos os países têm momentos mais difíceis e momentos mais fáceis", considerou o diplomata português, que se mostrou "confiante que os problemas que existem serão resolvidos a contento e a bem de todos".
Desde que foi desalojado do acampamento em que vivia em Sandjudjira, na província de Sofala, centro de Moçambique, Afonso Dhlakama é dado pela imprensa local como "fugitivo".
A ofensiva do exército moçambicano, visando encontrar o líder da oposição, estendeu-se agora à região norte do país, mas desconhece-se se pesa sobre aquele dirigente um mandado judicial.
"Acompanhamos o desenvolvimento das coisas que acontecem com atenção, mas isso não quer dizer que eu não esteja absolutamente confiante que são dias maus, ou semanas más, ou uma fase má, uma fase mais difícil que depois as pessoas saberão ultrapassar de forma pacífica, dentro da lei e do respeito pelas instituições democráticas", disse José Augusto Duarte.
Milhares de portugueses que fogem à crise em Portugal optam por Moçambique, um país pobre mas que, na última década, se tornou uma importante rampa para negócios, após importantes descobertas de gás e carvão.
"Quem vem investir em Moçambique não é porque acha que fica rico ao fim do mês e agarra dinheiro e se vai embora. É porque acha que este país vale a pena a longo prazo. E que vale a pena investir no povo e no país. Não tenho a menor dúvida de que isso é o que está na mente do Estado português e na mente dos portugueses que aqui investem. Estou absolutamente convencido que Moçambique é um país que vale verdadeiramente a pena", afirmou o representante do Estado português em Moçambique.