Uso de mísseis de longo alcance ocidentais contra Rússia seria "guerra com NATO" - Putin

por Lusa

O Presidente russo, Vladimir Putin, advertiu hoje que uma autorização dos países ocidentais à Ucrânia para ataques com mísseis de longo alcance contra território russo significaria que "os países da NATO estão em guerra com a Rússia".

"Se esta decisão [de uso de mísseis de longo alcance ocidentais] for tomada, significará nada menos do que o envolvimento direto dos países da NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte] na guerra na Ucrânia", advertiu Putin.

"Isso mudaria a própria natureza do conflito. Significaria que os países da NATO estão em guerra com a Rússia", acrescentou Putin num vídeo publicado na rede social Telegram por um jornalista do grupo presidencial russo.

A Ucrânia tem vindo a pedir autorização para atacar alvos no interior do território russo com mísseis fornecidos por países como os Estados Unidos e Reino Unido.

Hoje, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, criticou o "atraso" nas discussões sobre esta questão.

Até agora, os Estados Unidos, em particular, têm-se recusado a fazê-lo por receio de uma escalada que poderia levar a um conflito direto com a Rússia, uma vez que ambos os países são potências nucleares.

No entanto, quarta-feira, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, prometeu a Kiev que iria analisar os pedidos militares da Ucrânia "com caráter de urgência".

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, deverão manter conversações sobre o assunto na sexta-feira.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontaram-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.

As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.

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