Universidade de Aveiro investiga benefícios do Abacate para a saúde e sustentabilidade

por Nuno Patrício - RTP
Foto: Louis Hansel na Unsplash

Uma equipa de investigadoras da Universidade de Aveiro (UA) está a explorar os potenciais benefícios para a saúde da casca e do caroço do abacate, revelando compostos bioativos que podem ser uma alternativa sustentável para diversos setores industriais.

Originária da América Central e do México, a pera-abacate é um fruto tropical com polpa cremosa e verde-amarelada, que por vezes não reune consenso entre os consumidores de fruta. 

Não é doce, mas utiliza-se em saladas ou para criar uma pasta sucolenta que pode servir de acompanhamento em petiscos ou mesmo em refeições.

Uma fruta que na última decada passou a ser frequente nos supermercados, marcando já forte presença na agricultura portuguesa na região sul.

Agora esta fruta, com caracteristicas anti-oxidantes, rica em ácido fólico e hidratação  é vista pelos investigadores da UA como um produto sustentável e potecialmente util para a saúde.

Foto: D. L. Samuels - Unsplash


Esta pesquisa, liderada pela investigadora Bruna Neves, a par da investigadora Tânia Melo e da professora Maria Rosário Domingues, faz parte de um projeto mais amplo que visa promover a utilização sustentável do abacate, reaproveitando seus resíduos na produção de ingredientes de alto valor para os setores alimentar, cosmético e nutracêutico.

Os resultados preliminares indicam que os subprodutos da variedade de abacate Hass, a mais consumida globalmente, são ricos em biomoléculas com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.

As investigadoras da UA, Maria Rosário Domingues (E), Bruna Neves (C) e Tânia Melo (D).

"Identificamos lipídios ricos em ácidos graxos essenciais ômega-3 e ômega-6, com a casca apresentando uma quantidade maior de ômega-3 e o caroço sendo predominante em ômega-6", explica Bruna Neves, do Laboratório de Lipidómica da UA. 

A pesquisa também destaca que esses subprodutos são ricos em ácido oleico, um composto benéfico para a saúde, similar ao azeite.

As propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias desses resíduos podem ter implicações significativas na prevenção de doenças cardiovasculares e neurodegenerativas, além de contribuir para a saúde da pele e retardar o envelhecimento precoce. "Esses componentes podem ajudar no bom funcionamento do coração e na saúde do cérebro", acrescenta a investigadora.

Foto: Gil Ndjouwou - Unsplash

A equipa que trabalha no Laboratório de Lipidómica acredita que a casca e o caroço do abacate são promissores como fontes de ingredientes nutricionais e bioativos, que podem substituir antioxidantes sintéticos em alimentos e cosméticos. "Esses subprodutos podem aumentar a vida útil e melhorar a estabilidade oxidativa de produtos alimentícios e cosméticos naturais", afirmam.

Além disso, a casca e o caroço podem ser utilizados como emulsionantes, contribuindo para o desenvolvimento de produtos mais ecológicos. "Reaproveitar esses subprodutos não apenas reduz o desperdício, mas também promove uma economia circular e sustentável, aproveitando ao máximo o que o abacate oferece", conclui Bruna Neves.


Este estudo é parte do projeto de doutoramento de Bruna Neves, intitulado “Valorization of Portuguese AVOcado as a source of high added-value BIoactive lipids using OMICS-based approaches”, que visa explorar a valorização do abacate português como fonte de lipídios bioativos de alto valor agregado.
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