Unicef alerta que 435 crianças foram mortas desde o início do conflito no Sudão

por Lusa
Campo de refugiados sudaneses no Chade Zohra Bensemra - Reuters

Pelo menos 435 crianças morreram e 2.025 ficaram feridas desde o início do conflito no Sudão, em abril, informou hoje o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que alerta para as violações dos direitos das crianças.

"A escala do impacto que este conflito teve sobre as crianças do Sudão nos últimos 100 dias é quase incompreensível", disse o vice-diretor executivo do Unicef para as ações humanitárias e operações de abastecimento, Ted Chaiban, que está no Sudão esta semana.

Segundo Chaiban "todos os dias, crianças são mortas, feridas e sequestradas" e também "as escolas, os hospitais e várias infraestruturas vitais estão danificadas, destruídos ou saqueados".

A agência da ONU recebeu relatos de pelo menos 435 crianças mortas e 2.025 feridas nos últimos 100 dias, uma média de mais de uma por hora.

Uma vez que estes são apenas os números comunicados a fontes da Unicef, é provável que o valor real seja muito superior num país onde quase 14 milhões de crianças que precisam de ajuda humanitária, lembrou a fonte.

Antes da crise, que começou com uma rebelião do grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido contra o Exército regular sudanês, estavam registados quase 3,8 milhões de deslocados internos no Sudão, incluindo 1,9 milhões de crianças.

"Outro 1,7 milhão de crianças foram expulsas de suas casas e agora estão deslocadas dentro do Sudão e ao longo das fronteiras. Estão vulneráveis à fome, doenças, violência e separação das suas famílias. Relatos de sequestro, recrutamento de crianças por grupos armados, violência com alvos étnicos e violência de género contra mulheres e meninas também estão a aumentar com 4,2 milhões de mulheres e raparigas em risco de violência de género", disse o responsável da Unicef.

Os combates agravaram ainda mais a frágil situação humanitária no Sudão, já um dos países da região mais afetados pela desnutrição.

A violência levou o país a "níveis recordes" de fome, alertou no domingo o Programa Mundial de Alimentos (PMA).

Segundo os últimos dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), o número de refugiados é agora estimado em 737.801 pessoas que fugiram da violência no Sudão para países vizinhos.

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