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União Europeia. Milhares de agricultores protestam à espera de novas medidas

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Olivier Hoslet - EPA

A tensão à porta do Parlamento Europeu em Bruxelas, onde decorre esta quinta-feira uma reunião extraordinária do Conselho Europeu, reflete a cólera dos agricultores europeus, que se manifestam há vários dias contra as políticas agrícolas europeias. Pousios, Mercosul e produtos da Ucrânia: são múltiplas as inquietações do setor agrícola que deverão ser discutidas nas próximas horas em Bruxelas.

Na última madrugada, várias colunas de tratores percorreram as ruas da capital belga para pressionar os líderes europeus a fazer mais para ajudar os agricultores que se sentem sufocados por impostos e imposições medioambientais e o receio de uma concorrência desleal proveniente do estrangeiro.

As principais vias do centro da cidade, considerado o “bairro europeu”, foram bloqueadas por cerca de 1300 tratores, segundo dados das autoridades. Para além dos manifestantes belgas, agricultores de Itália, França e outros países europeus também se juntaram aos protestos.


Um pouco por toda a Europa, os agricultores que têm enfrentado nos últimos meses o impacto da inflação, do aumento do custo dos combustíveis ou ainda das condições climáticas extremas, reclamam mais apoios e menos restrições.

Nas várias ações de protesto denunciam a queda de rendimentos, a sobrecarga administrativa, a imposição de medidas ambientais e a concorrência estrangeira desleal, nomeadamente das importações ucranianas que consideram estar a prejudicar os seus produtos locais. Mas também o receio do impacto da assinatura do  acordo de comércio livre em negociação entre a UE e o bloco de países sul-americanos do Mercosul.
“Futuro da agricultura europeia”

Embora a crise dos agricultores não esteja oficialmente na agenda da reunião extraordinária do Conselho Europeu, dedicada sobretudo ao apoio à Ucrânia, em guerra com a Rússia há quase dois anos, deverão também ser discutidas as reivindicações dos agricultores europeus, nomeadamente dos franceses, em protesto há mais de uma semana.

Pouco antes do início da reunião, o presidente francês, Emmanuel Macron, ter-se-á reunido com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para discutir o “futuro da agricultura europeia”, segundo o Palácio do Eliseu. Numa declaração à comunicação social a partir da Suécia, na quarta-feira, o chefe de Estado francês avisou que “seria muito fácil culpar a Europa por tudo”, lembrando os benefícios financeiros da Política Agrícola Comum (PAC) que se traduzem em milhares de milhões de euros para muitos agricultores franceses.

O protesto dos agricultores que se tem estendido nos últimos dias a vários países europeus, incluindo Portugal, Espanha, Itália e Grécia, assume uma maior importância para o futuro da União Europeia, a menos de seis meses das eleições para o Parlamento Europeu, agendadas para o próximo mês de junho.

c/ agências
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