Na última madrugada, várias colunas de tratores percorreram as ruas da capital belga para pressionar os líderes europeus a fazer mais para ajudar os agricultores que se sentem sufocados por impostos e imposições medioambientais e o receio de uma concorrência desleal proveniente do estrangeiro.
As principais vias do centro da cidade, considerado o “bairro europeu”, foram bloqueadas por cerca de 1300 tratores, segundo dados das autoridades. Para além dos manifestantes belgas, agricultores de Itália, França e outros países europeus também se juntaram aos protestos.
Um pouco por toda a Europa, os agricultores que têm enfrentado nos últimos meses o impacto da inflação, do aumento do custo dos combustíveis ou ainda das condições climáticas extremas, reclamam mais apoios e menos restrições.
Nas várias ações de protesto denunciam a queda de rendimentos, a sobrecarga administrativa, a imposição de medidas ambientais e a concorrência estrangeira desleal, nomeadamente das importações ucranianas que consideram estar a prejudicar os seus produtos locais. Mas também o receio do impacto da assinatura do acordo de comércio livre em negociação entre a UE e o bloco de países sul-americanos do Mercosul.
“Futuro da agricultura europeia”
Embora a crise dos agricultores não esteja oficialmente na agenda da reunião extraordinária do Conselho Europeu, dedicada sobretudo ao apoio à Ucrânia, em guerra com a Rússia há quase dois anos, deverão também ser discutidas as reivindicações dos agricultores europeus, nomeadamente dos franceses, em protesto há mais de uma semana.
Pouco antes do início da reunião, o presidente francês, Emmanuel Macron, ter-se-á reunido com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para discutir o “futuro da agricultura europeia”, segundo o Palácio do Eliseu. Numa declaração à comunicação social a partir da Suécia, na quarta-feira, o chefe de Estado francês avisou que “seria muito fácil culpar a Europa por tudo”, lembrando os benefícios financeiros da Política Agrícola Comum (PAC) que se traduzem em milhares de milhões de euros para muitos agricultores franceses.
O protesto dos agricultores que se tem estendido nos últimos dias a vários países europeus, incluindo Portugal, Espanha, Itália e Grécia, assume uma maior importância para o futuro da União Europeia, a menos de seis meses das eleições para o Parlamento Europeu, agendadas para o próximo mês de junho.
c/ agências