União Europeia está a analisar relatório da ONU sobre Myanmar

por RTP
O Facebook anunciou esta segunda-feira que bloqueou a conta de 20 organizações e indivíduos em Myanmar, incluindo a conta do chefe das Forças Armadas Yves Herman - Reuters

A União Europeia afirma que está a analisar o relatório divulgado hoje pela Missão de Inquérito das Nações Unidas para a Birmânia, que pede o julgamento de líderes militares de Myanmar por genocídio contra rohingyas. Bruxelas considera o relatório “muito oportuno e crucial” e pretende realizar ainda esta semana uma reunião com os investigadores. O Facebook revelou também esta segunda-feira que a conta do chefe das Forças Armadas de Myanmar foi bloqueada, juntamente com dezenas de outras contas.

Num relatório tornado público esta segunda-feira, os investigadores da ONU pediram ajuda à justiça internacional para investigar e julgar o chefe do exército birmanês e outros cinco oficiais superiores por “genocídio”, “crimes contra a humanidade” e “crimes de guerra” contra a minoria rohingya.

“Vimos o relatório de hoje da missão de inquérito das Nações Unidos. É um contributo muito oportuno e crucial, também à luz da próxima sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU em setembro", começou por comentar a porta-voz da Comissão Europeia e do Serviço Europeu de Ação Externa para os Negócios Estrangeiros, Maja Kocijancic, durante a conferência de imprensa diária do executivo comunitário, em Bruxelas.

Kocijancic avançou que o relatório está neste momento a ser analisado e que durante esta semana se vai realizar uma reunião onde serão discutidas as conclusões com os investigadores da ONU. Alerta que o conflito em Myanmar é "grave" e que merece "toda a atenção" por parte da União Europeia.


"A situação em Myanmar, sobretudo no Estado de Rakhine, permanece grave e merece toda a nossa atenção, e neste contexto sempre deixámos muito claro que os responsáveis por violações graves e sistemáticas de direitos humanos devem ser responsabilizados", acrescentou a porta-voz.
Facebook bloqueia contas
No relatório da ONU, o Facebook também é mencionado. A Missão de Inquérito das Nações Unidas acusa a rede social de não ter tomado nenhuma medida para evitar a disseminação de discursos de ódio em Myanmar.

“A Missão lamenta que o Facebook não tenha fornecido dados específicos por país acerca da disseminação do discurso de ódio na sua plataforma, dados obrigatórios para se poder avaliar a suficiência da sua resposta”, afirma o relatório.

Como resposta, o Facebook anunciou esta segunda-feira que bloqueou a conta de 20 organizações e indivíduos em Myanmar, incluindo a conta do chefe das Forças Armadas, Min Aung Hlaing. Em comunicado, o Facebook afirma que esta é uma forma de impedimento do uso da rede social “para acalorar ainda mais as tensões étnicas e religiosas”.

"Hoje estamos a tomar mais medidas em Myanmar. Estamos a eliminar um total de 18 contas no Facebook, uma conta no Instagram e 52 páginas no Facebook, seguidas por quase 12 milhões de pessoas. Estamos a manter os dados sobre as contas e as páginas que foram eliminadas", informou a empresa no comunicado.

A rede social de Zuckerberg afirma que se tem assistido a um progresso no que diz respeito ao impedimento da “propagação de ódio e de desinformação no Facebook”, nomeadamente em Myanmar. A empresa admite que demorou demasiado tempo a tomar medidas, mas está agora a progredir, através de uma “melhor tecnologia para identificar incitação ao ódio, melhores ferramentas de relatórios e mais pessoas para a revisão do conteúdo”.

O Facebook acrescenta que foram ainda removidas 46 páginas e 12 contas “por estarem envolvidas em comportamentos inautênticos coordenados”. As páginas, que afirmavam ser independentes, eram usadas para transmitir mensagens dos militares de Myanmar.

“Esse tipo de comportamento é banido do Facebook porque queremos que as pessoas possam confiar nas ligações que fazem”, escreveu a empresa no comunicado.
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