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União Africana condena "firmemente" tentativa de golpe de Estado na RDCongo

por Lusa

O presidente da União Africana (UA) condenou "firmemente" a "tentativa de golpe de Estado" na madrugada de domingo na República Democrática do Congo (RDCongo) e saudou "o controlo da situação anunciado pelas forças de defesa e segurança" do país.

Numa mensagem divulgada no final do dia de domingo pela UA, Moussa Faki Mahamat aproveitou para condenar "qualquer uso da força para alterar a ordem constitucional em qualquer Estado africano, seja ele qual for", depois de ter "seguido com grande preocupação" os assaltos às residências do Presidente e do vice-primeiro-ministro congoleses.

Mahamat também aplaudiu o facto de os dirigentes das instituições estarem "sãos e salvos".

Várias dezenas de homens congoleses e estrangeiros, uniformizados e armados, falharam na madrugada de domingo a sua tentativa de golpe de Estado para depor o Presidente, Félix Tshisekedi, e instaurar um "novo Zaire", inspirado no regime ditatorial de Mobutu Sese Seco, no final do século passado.

Num comunicado em que denuncia o atentado, o Governo da RDCongo afirma que os atacantes eram de "várias nacionalidades", liderados pelo líder da diáspora congolesa, Christian Malanga, que foi morto no ataque.

O porta-voz das Forças Armadas da República Democrática do Congo (FARDC), Sylvain Ekenge, que afirmou numa breve mensagem na televisão pública, na manhã de domingo, ter "cortado pela raiz" a "tentativa de golpe de Estado", disse que os atacantes - todos mortos ou detidos - eram tanto congoleses como estrangeiros, embora sem especificar quaisquer outras nacionalidades.

No entanto, a embaixadora dos Estados Unidos na RDCongo, Lucy Tamlyn, disse estar "muito preocupada" com o alegado envolvimento de cidadãos norte-americanos e garantiu na sua conta na rede social X que o seu país iria cooperar com as autoridades congolesas na investigação.

Nas primeiras horas da manhã, Malanga publicou vários vídeos na rede social Facebook que mostravam um grupo de homens armados em uniforme militar, incluindo o seu filho Marcel Malanga, de 22 anos, no átrio e nos jardins do Palácio da Nação, a residência de Tshisekedi.

"Desfrutem da libertação do nosso novo Zaire", gritava Malanga em inglês, enquanto os seus apoiantes queimavam bandeiras da RDCongo, país vizinho de Angola.

Por volta das 04:30 locais (mesma hora em Lisboa), homens armados invadiram também a residência do vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Vital Kamerhe, num assalto em que ele e a sua família saíram ilesos, mas que fez pelo menos três mortos: Dois polícias encarregados da segurança do político e um dos atacantes.

A segurança foi reforçada no bairro de La Gombe, em Kinshasa, onde se situam as duas residências e algumas das principais sedes governamentais e diplomáticas da RDCongo.

Christian Malanga, que se intitulava comandante e usava frequentemente um uniforme militar, era bem conhecido nos círculos da diáspora congolesa nos Estados Unidos pelos seus discursos contra o Governo de Tshisekedi, que descrevia como um "regime ditatorial".

Dirigiu o movimento Novo Zaire e o Partido dos Congoleses Unidos (PCU), que agrupa congoleses residentes em todo o mundo, e chegou a declarar a sua intenção de se candidatar à Presidência da República.

Nascido em 1983 na então República do Zaire, Malanga viveu na África do Sul e na atual Essuatíni (antiga Suazilândia), antes de se estabelecer em Salt Lake City (Utah, Estados Unidos), após o seu pai ter sido exilado da RDCongo, em 1990.

Em fotos publicadas nas redes sociais, pode ser visto com o popular líder da oposição Martin Fayulu, que muitos consideram o legítimo vencedor das eleições de 2018, após as quais Tshisekedi chegou ao poder.

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