Um conjunto de declarações do presidente cessante Donald Trump enfureceu alguns dos seus adeptos mais fogosos. Nesse conjunto inclui-se a promessa de uma transição pacífica para a nova presidência, admitindo assim, pela primeira vez de forma clara, a vitória eleitoral de Joe Biden.
Mas pior ainda foram as declarações que Trump difundiu simultaneamente, condenando o assalto ao Capitólio e mesmo dizendo "envergonhado com a violência, a ilegalidade e o caos" que esse assalto constituiu, e chegando ao ponto de acrescentar que aqueles que "violaram a lei vão pagar [por isso]".
Apesar de o acesso de Trump ao Twitter apenas ter sido suspenso por 12 horas, muitos dos seus adeptos de extrema-direita logo começaram uma campanha para que o povo trumpista cancelasse as suas contas de Twitter, para aderir a plataformas digitais que não restringem os apelos ao ódio e à violência como a Parler ou a 4chan.
E é principalmente nessas plataformas que agora se encontram as recriminações contra o presidente, por ter deixado dado aos apoiantes que chamou à rua "uma punhalada nas costas" ou, na tal versão mais moderada, "um murro no estômago".
Um outro apoiante de Trump pôde ainda queixar-se amargamente no Twitter de que "ele diz que isto vai aquecer e, quando aquece, chama-lhe um ataque hediondo e faz um manguito aos seus apoiantes a quem disse para lá estarem".
Outra versão, entretanto muito difundida nas plataformas alternativas da extrema-direita, evita pôr em causa o presidente e desculpa-o com uma alegada falsificação das suas declarações.
As teorias da conspiração que dão Trump como preso, manietado, condicionado, e a sua demarcação relativamente aos assaltantes como forjada por supostos sequestradores do "Estado profundo" correm velozes nas plataformas alternativas e algumas delas são ainda reproduzidas no Twitter.
Uns dizem que o inquilino da Casa Branca não traiu ninguém e que as declarações supostamente da sua autoria são fake news. Outros dizem que se rendeu aos pedófilos e traíu os seus apoiantes. Outros ainda lamentam que não se tenha declarado a lei marcial, como sugeria o general indultado Michael Fynn.