Uma menina sobreviveu ao acidente do avião do Iémen

por RTP
A comunidade das Ilhas Comores residente em França garante que alertou as autoridades francesas para as deficientes condições de segurança da companhia aérea do Iémen Yahya Arhab, EPA

Uma menina de 14 anos foi, até ao momento, a única sobrevivente confirmada da queda do Airbus A310 ao largo do aeroporto de Moroni, nas Ilhas Comores, no Oceano Índico. O piloto do avião também terá sido encontrado com vida, mas esta informação está por comprovar. A União Europeia já fez saber que quer normais mundiais de segurança.

A RTP contactou o Crescente Vermelho no Quénia que cobre as Ilhas Comores e só quarta-feira estará alguém disponível para prestar declarações e confirmar este dado.

Confirmado está o salvamento de uma menina de 14 anos, de nome Bahia, residente numa localidade do centro do arquipélago e que viajava com a mãe. A menina está hospitalizada na capital das Comores, mas o seu estado "não é inquietante", disse à France Presse o porta-voz do Crescente Vermelho.

O ministro das Comunicações comorense desmentiu a informação, anteriormente veiculada, que o sobrevivente seria uma criança de cinco anos.

Foram ainda encontrados três corpos entre os destroços do aparelho, confirmou um funcionário do centro de crise de apoio às operações de salvamento. As equipas de socorro continuam à procura de sobreviventes no Oceano Índico, mas segundo o Crescente Vermelho, as operações estão a ser dificultadas pelo mau tempo.

Os destroços do Airbus, os corpos e uma grande mancha de combustível foram localizados a 15 quilómetros a Norte das Ilhas Comores e a 20 do aeroporto onde deveriam ter aterrado.

O aparelho efectuou uma tentativa de aterragem no aeroporto de Moroni antes de se desviar e de se ter despenhado no mar. A aproximação à pista foi testemunhada por muitos daqueles que no aeroporto esperavam pelos passageiros da aeronave.

"Vi o avião aproximar-se e depois voltar a partir; não compreendi", contou o antigo ministro comorense da Defesa Houmed Msaidié. "Pareceu-me que o avião estava com dificuldades em aterrar", acrescentou um antigo director de aviação civil do país, apontando que os motores faziam demasiado ruído.

"O avião estava a cerca de 50 metros do solo em aproximação à pista e em vez de aterrar foi desviado e saiu do eixo, tomando um rumo anormal para o mar", relatou, por sua vez, um polícia que estava no aeroporto.

O director do aeroporto internacional de Moroni referiu que o avião era esperado às 01h30 locais. "Antes da aterragem, a torre de controlo perdeu o contacto com a equipa. As condições meteorológicas estavam desfavoráveis, com fortes rajadas de vento", disse.

O Airbus A310 despenhou-se com 153 pessoas a bordo do aparelho que pertence à companhia Yemenia. A viagem começou em Paris num Airbus A330. O avião fez escala em Marselha e depois seguiu para Sanaa, no Iémen, onde os passageiros foram transferidos para o Airbus A310.

Padrões de segurança

A Comissão Europeia quer, na sequência deste acidente, reavaliar as normas de segurança para o transporte aéreo para companhias fora da europeia. "Uma grande conferência sobre o plano europeu de segurança será organizada o mais rapidamente possível para avaliar e melhorar as necessidades de formação de todos os actores, nomeadamente os pilotos e os controladores", reagiu em comunicado o comissário europeu dos Transportos. O principal esforço será para com "os operadores de países terceiros", precisou António Tajani.

Estão proibidas de operar comercialmente na União Europeia 194 companhias. A lista, que poderá consultar aqui, será actualizada "nas próximas semanas", acrescentou o comissário europeu.

A Yemenia não se encontra na lista negra divulgada em Abril passado, mas estava sob a mira de Bruxelas que aconselhou "a conclusão de um plano de acção correctiva antes da próxima reunião do comité de segurança aérea".

O comissário europeu que a companhia "melhorou os seus padrões de segurança e não seria mais necessária a sua inclusão na lista negra". Contudo, em Julho do ano passado, o plano de medidas da Yemenia não satisfez Bruxelas, que questionava "as qualificações e a experiência necessária para a tripulação".

A comunidade das Ilhas Comores residente em França garante que alertou as autoridades francesas para as deficientes condições de segurança da companhia aérea do Iémen. Estas tinham as maiores dúvidas sobre o estado de conservação do A310 que se despenhou no Índico. O avião foi inspeccionado em França em 2007 e já na altura tinham sido detectadas várias anomalias.

O secretário de Estado francês dos Transportes referiu que o aparelho que saiu de Marselha rumo a Sanaa cumpria todos os requisitos de segurança. Na capital do Iémen foi efectuado um transbordo para outro aparelho.

O avião acidentado foi construído em 1990, tinha 51 900 horas de voo alcançados em 17 300 trajectos.

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