Um terço da população do Chade, 5,5 milhões de pessoas, "necessita de assistência humanitária urgente", anunciou hoje a ONU, instando a comunidade internacional a libertar rapidamente fundos adicionais para os mais vulneráveis.
O Chade, localizado quase inteiramente na região do Sahel, "enfrenta três crises humanitárias", alertaram as Nações Unidas e o governo do país numa declaração conjunta.
Estas crises colocam 4,6 milhões de pessoas em insegurança alimentar, incluindo quatro milhões de crianças com menos de 5 anos, e 1,7 milhões sem acesso regular a serviços de saúde.
O Chade alberga, por outro lado, um milhão de deslocados e refugiados, mais de 500.000 do vizinho Sudão, da República Centro-Africana e da Nigéria, a maioria dos quais estão no país há mais de 10 anos.
Àquele milhão de deslocados e refugiados de países vizinhos, juntam-se 460.000 pessoas deslocadas internamente.
N`djamena e a ONU lançaram hoje um Plano de Resposta Humanitária (PRH) de 617,5 milhões de dólares (507 milhões de euros) para 2021, mais 13% do que em 2020.
Menos de 50 milhões de dólares (41 milhões de euros) foram desembolsados até agora pela comunidade internacional, apenas 8% das necessidades.
"Precisamos urgentemente de mais fundos", afirmou o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA), para intervenções rápidas nas áreas da nutrição, saúde, abrigo e educação.
O apelo surge quando o Chade está sob escrutínio da comunidade internacional, que ameaçou a imposição de sanções quando uma junta militar substituiu o Presidente Idriss Déby Itno, alegadamente morto numa batalha com os rebeldes em abril último, após 30 anos no poder, de acordo com a própria junta militar.
Mahamat Idriss Déby, filho do falecido presidente, assumiu o cargo de chefe de um Conselho Militar de Transição (TMC) e dissolveu imediatamente o governo e o Parlamento chadiano, revogou a Constituição do país, prometendo ao mesmo tempo eleições "livres e democráticas" no final de um período de 18 meses renovável uma vez.
A União Africana e a União Europeia exigiram uma transição limitada a 18 meses, conducente a novas eleições inclusivas e credíveis.