O Observatório Europeu do Sul revela mais uma das suas joias cósmicas. Trata-se, desta feita, de um "Morcego Cósmico" que, num dos cantos mais escuros da constelação de Orion, parece abrir as asas, feitas de poeiras estelares - a cerca de dois mil anos-luz da Terra.
Captadas pelo Very Large Telescope, do ESO, dentro da nebulosa NGC 1788, duas jovens estrelas cobertas por opacas nuvens de poeira parecem dar vida a uma nova formação estelar. Batizada pelos astrónomos de "Morcego Cósmico", junta-se a outros achados captados em mais de 20 anos do observatório.
Margarida Serote, representante da Rede de Divulgação Científica do ESO em Portugal, pertencente ao Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, explica à RTP que esta é uma nebulosa de reflexão iluminada por estrelas brilhantes, que dão luz ao gás que a envolve.
A imagem agora dada a conhecer é a mais detalhada obtida até à data. A NGC 1788, com as suas cores suaves, não emite radiação. Em vez disso é iluminada por um enxame de estrelas jovens que se situa no centro, fracamente visível através das nuvens de poeira.A imagem desta nebulosa tinha sido já captada
pelo telescópio MPG/ESO de 2,2 metros, do Observatório de La Silla.
Todavia, a nova imagem é incomparável.
Os instrumentos científicos sofreram grandes avanços desde que a NGC 1788 foi descrita pela primeira vez, o que explica o detalhe inédito da imagem obtida pelo VLT.
Os instrumentos científicos sofreram grandes avanços desde que a NGC 1788 foi descrita pela primeira vez, o que explica o detalhe inédito da imagem obtida pelo VLT.
Apesar de esta nebulosa fantasmagórica parecer isolada de outros objetos cósmicos, os astrónomos acreditam que a sua forma foi moldada por poderosos ventos estelares emitidos por estrelas de grande massa que se encontram mais longe.
Estas correntes de plasma abrasador são lançadas a grandes velocidades a partir da atmosfera superior de uma estrela, moldando as nuvens que isolam as jovens estrelas do "Morcego Cósmico".
Estas correntes de plasma abrasador são lançadas a grandes velocidades a partir da atmosfera superior de uma estrela, moldando as nuvens que isolam as jovens estrelas do "Morcego Cósmico".
Esta não é a primeira vez que os astrónomos apontam os telescópios para a NGC 1788, que foi inicialmente descrita pelo astrónomo germano-britânico William Herschel. É uma nebulosa que integra um catálogo que serviu mais tarde de base para uma das maiores coleções de objetos espaciais: o New General Catalogue (NGC).
A "planar em voo", os detalhes minuciosos das asas poeirentas do "Morcego Cósmico" foram obtidos no 20.º aniversário de um dos instrumentos mais versáteis do ESO, o FORS2 (Focal Reducer and low dispersion Spectrograph 2), um dos telescópios principais de 8,2 metros do VLT, situado no Observatório do Paranal, no Chile.
Esta imagem foi obtida no âmbito do Programa Joias Cósmicas do ESO, uma iniciativa que visa obter imagens de objetos interessantes, intrigantes ou visualmente atrativos, utilizando os telescópios do ESO para efeitos de educação e divulgação científica.
Todos os dados podem ter igualmente interesse científico e são por isso disponibilizados aos astrónomos através do Arquivo Científico do ESO.