"Última centelha de esperança". Musk manifesta apoio à extrema-direita alemã

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Rachel Wisniewski - Reuters

O multimilionário aliado de Donald Trump declarou apoio ao partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), a poucas semanas das eleições no país. Num artigo de opinião, publicado no jornal alemão Welt am Sonntag, Elon Musk escreveu que o partido representa a "última centelha de esperança" para a Alemanha. Através da rede social X, Musk lançou também esta quinta-feira vários ataques ao primeiro-ministro britânico Keir Starmer, apelando à libertação do ativista de extrema-direita Tommy Robinson e a "novas eleições" no Reino Unido.

No início desta semana, Elon Musk começou por manifestar o seu apoio ao partido de extrema-direita alemão através de uma publicação na rede social X, na qual defendeu que só o partido Alternativa para a Alemanha (AfD) poderia "salvar a Alemanha". Uma espécie de apelo eleitoral que o empresário veio a desenvolver num artigo de opinião publicado pelo jornal alemão Welt am Sonntag no passado domingo.

"Os partidos tradicionais falharam na Alemanha", escreveu Musk. "O AfD, embora seja descrito como de extrema-direita, representa um realismo político que ressoa com muitos alemães que sentem que suas preocupações são ignoradas pelo establishment", defendeu. 

O empresário da tecnologia considerou que considerar o partido Alternativa para a Alemanha (AfD) "como sendo de extrema-direita é claramente falso", argumentando que a líder do partido, Alice Weidel, "tem uma parceira do mesmo sexo do Sri Lanka! Isso parece-vos Hitler? Vamos lá!", afirmou Elon Musk no seu artigo.

A publicação do artigo de opinião Elon Musk valeu ao jornal alemão Welt am Sonntag fortes críticas de figuras importantes alemãs,  que utilizaram as suas redes sociais para criticar o jornal e responder ao empresário que pretende manipular o espaço político alemão antes uma eleição vital, mas também levaram a editora de opiniao do jornal, Eva Marie Kogel, a apresentar a sua demissão.

"Hoje apareceu um artigo de Elon Musk no Welt am Sonntag. Apresentei a minha demissão ontem, depois de ter sido publicado", escreveu Kogel na rede social X de Musk.


Olaf Scholz responde a Musk
O chanceler alemão, Olaf Scholz, afirmou no seu discurso de Ano Novo que "o que vai acontecer na Alemanha será decidido por vós, os cidadãos e não pelos proprietários das redes sociais", sem mencionar diretamente Elon Musk.

“Nos nossos debates, podemos por vezes ter a impressão de que as opiniões mais extremas recebem a maior atenção mas não são os que gritam mais alto que vão decidir o futuro da Alemanha, mas sim a grande maioria das pessoas sensatas e respeitáveis", acrescentou Scholz.
"Libertem Tommy Robinson"

Numa série de mensagens publicadas esta quinta-feira na rede social X, Elon Musk atacou o Governo britânico e apelou à libertação do ativista de extrema-direita Tommy Robinson. 

"Libertem Tommy Robinson", escreveu Elon Musk. "Porque é que Tommy Robinson está detido na solitária por dizer a verdade?", questionou.


O ativista britânico de extrema-direita, Stephen Yaxley-Lennon, já foi condenado em várias ocasiões por crimes de ordem pública e foi acusado de ter incitado à violência contra os imigrantes este verão no Reino Unido. 

Tommy Robinson, como é conhecido, encontra-se a cumprir a pena de 18 meses de prisão desde o final de outubro por ter violado uma decisão judicial de 2021 que o proibia de repetir comentários difamatórios sobre um refugiado sírio.
Musk apela a "novas eleições" no Reino Unido
Elon Musk criticou ainda o primeiro-ministro britânico Keir Starmer por não ter conseguido resolver o escândalo de exploração sexual infantil na área da Grande Manchester, no norte de Inglaterra, quando liderava o Ministério Público há mais de uma década.

A maior dos suspeitos eram homens do Paquistão e as autoridades britânicas foram criticadas por não terem conseguido lidar com o caso, alimentando a retórica da extrema-direita sobre o policiamento "a dois níveis".

"No Reino Unido, os crimes graves, como a violação, requerem a aprovação do Crown Prosecution Service (CPS) antes de a polícia poder acusar os suspeitos. Quem era o responsável pelo CPS quando bandos de violadores podiam explorar jovens raparigas sem enfrentar a justiça? Keir Starmer, 2008-2013”, escreve Elon Musk.


O aliado de Donald Trump defendeu que "deveriam ser convocadas novas eleições no Reino Unido".

c/agências


PUB