UE e Suíça formalizam novo arranque de negociações em Bruxelas

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reúne-se com a presidente da Confederação Suíça, Viola Amherd, em Bruxelas, a 18 de março Yves Herman - Reuters

Esta segunda-feira, 18 de março, marca oficialmente o novo arranque das negociações entre a União Europeia e a Suíça. Três anos após dados os primeiros passos entre ambas as partes, o bloco comunitário e o país helvético relançam as negociações bilaterais e estão prontos para começar a preparar um novo pacote de acordos para regular e melhorar as suas relações.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e a presidente da Confederação Suíça, Viola Amherd, anunciaram oficialmente o lançamento das negociações em Bruxelas através de um simbólico "aperto de mão", que significa que o entendimento foi encontrado nos últimos meses.

"Cara @Violapamherd encontramo-nos num momento crucial para as relações entre a UE e a Suíça. Estamos prontos para encetar negociações sobre uma parceria modernizada que beneficie os nossos cidadãos. O trabalho de base está feito. Vamos concluir as negociações ainda este ano", escreveu Ursula von der Leyen, na rede social X, depois de o ter referido num discurso em alemão, esta manhã em Bruxelas.


Tanto a União Europeia como a Suíça dispõem de um mandato para esta nova ronda de negociações: depois de o Conselho Federal suíço ter dado luz verde, no passado mês de fevereiro, ao início das negociações que tinham sido abandonadas pelo país em 2021 e de, na semana passada, os ministros europeus terem dado instruções à líder europeia, Ursula von der Leyen, para voltar à mesa de negociações.

Apesar da vontade em encontrar um "Entedimento Comum" entre ambas as partes, as novas negociações, que pretendem"garantir, manter e concluir novos acordos setoriais" entre a Suíça e UE, afiguram-se complicadas, recordando também as dificuldades em satisfazer as expetativas de ambos os lados que se verificaram em 2021. Em cima da mesa estarão novos acordos ou a atualização dos mesmos nos domínios da eletricidade, dos transportes e da livre circulação de pessoas.

O eurodeputado Andreas Schwab, presidente da Delegação Europeia para as Relações com Berna, exprimiu a sua expetativa para este novo Acordo-Quadro entre a Suíça e a União Europeia, numa entrevista ao programa das 19h30, no canal suíço RTS, no domingo. "O mercado europeu é como o campeonato europeu de futebol: a Suíça não pode trazer os seus próprios árbitros", afirmou Andreas Schwab, explicando que, se a Suíça quer participar no mercado europeu, tem de respeitar as suas regras.



Embora tenha admitido que possam ser feitas concessões para encontrar um entendimento. "A União Europeia compreende a situação da Suíça, no centro da Europa, com um mercado de trabalho muito restrito e um custo de vida muito elevado. Por isso, se o Governo suíço, com bases muito claras, nos disser que os empresários não podem continuar a contratar trabalhadores europeus durante um determinado período de tempo, penso que podemos aceitar. Porque a livre circulação de trabalhadores não será afetada", esclareceu.

Para o início do verão está igualmente prevista uma visita recíproca do vice-presidente da Comissão Europeia, Maros Sefcovic, responsável pela relações com a Suíça, e do ministro suíço dos Negócios Estrangeiros, Ignazio Cassis, que não marcará presença em Bruxelas esta segunda-feira. Espera-se que as negociações entre a Comissão Europeia e o Conselho Federal suíço terminem em 2024. 

c/ agências
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