UE critica acordo entre Sérvia e Rússia sobre política externa

por Lusa

A União Europeia (UE) criticou hoje o acordo entre a Sérvia e a Rússia sobre a manutenção de consultas regulares em matéria de política externa, assegurando que coloca "sérias dúvidas" por parte de um país que pretende aderir ao bloco europeu.

No decurso de uma conferência de imprensa em Bruxelas, o porta-voz da política externa da UE, Peter Stano, insistiu na violação dos princípios e valores das Nações Unidos relacionada com a invasão russa da Ucrânia e indicou que "nestas circunstâncias" um acordo de "consultas regulares" com Moscovo constitui "um claro sinal de que se pretende o reforço das relações".

Stano condenou o acordo firmado na sexta-feira entre o ministro dos Negócios Estrangeiros sérvio, Nikola Selakovic, e o seu homólogo russo, Serguei Lavrov, à margem das Assembleia geral das Nações Unidas em Nova Iorque e destinado a reforçar as consultas entre Belgrado e Moscovo.

"Isto provoca sérias dúvidas", considerou, ao recordar que a Sérvia, na qualidade de país candidato à adesão, tem o compromisso declarado de alinhar com a política externa da UE e que as relações com a Rússia não podem permanecer iguais devido à invasão militar da Ucrânia.

"A UE foi clara com os seus parceiros e países aspirantes à adesão de que as relações não podem prosseguir como até ao momento com um regime que está a cometer tantas atrocidades", disse ainda Stano.

No decurso de uma conferência de imprensa no domingo, Nikola Selakovic disse tratar-se de um acordo "técnico" e relacionado com as relações bilaterais, mas sem abranger questões de segurança. O ministro recordou que a Sérvia tem assinado documentos similares com a Rússia desde 1996.

"O Governo poderia ter rejeitado este plano mas não existe nada controverso no texto", acrescentou. "Foi criticado por quem não o viu".

O plano de consultas bilaterais previsto no acordo deverá prolongar-se por dois anos, precisou na sexta-feira o ministério sérvio dos Negócios Estrangeiros.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,4 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e "desmilitarizar" a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para Kiev e imposição a Moscovo de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 5.916 civis mortos e 8.616 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

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