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Ucrânia repete incursões em solo russo. Base aérea militar a arder em Lipetsk

por Cristina Sambado - RTP
Uma base aérea militar incendiou-se em Lipetsk Ministério russo da Defesa via Reuters

O exército ucraniano prosseguiu, nas últimas horas, a incursão na região russa de Kursk e, durante a noite, lançou também ataques "maciços" com drones em várias outras regiões, incluindo Lipetsk, a quase 300 quilómetros da fronteira, onde deflagrou um incêndio numa base militar.

Os habitantes de quatro aldeias, algumas delas situadas junto à base militar de Lipetsk, foram retirados das suas habitações, depois de ter sido declarado o estado de emergência no distrito.

"Ocorreu um incêndio num aeródromo militar na região de Lipetsk", avançou o Ministério regional da Gestão de Emergências, citado pelas agências de notícias oficiais russas Tass e Ria Novosti.As autoridades locais não especificaram se o incêndio se deveu ou não a um ataque ucraniano. No entanto, Kiev já reivindicou a responsabilidade pelo ataque noturno à base militar de Lipetsk.


Segundo o governador da região de Lipetsk, Igor Artamonov, o ataque provocou várias explosões, interrompeu temporariamente o fornecimento de energia e feriu nove pessoas.

O governador declarou o estado de emergência no município de Lipetsk e ordenou a evacuação de quatro aldeias vizinhas "para garantir a segurança dos residentes", uma medida que afeta 416 famílias.

Artamonov pediu ainda aos residentes de Lipetsk que ficassem em casa até ser levantado o alerta.

Segundo o Ministério da Defesa em Moscovo, as forças russas abateram um total de 75 drones ucranianos durante a noite: 26 na região de Belgorod, 19 na região de Lipetsk, sete na região de Kursk, cinco na região de Bryansk, quatro na região de Voronezh, um na região de Oryol, cinco na península da Crimeia anexada por Moscovo em 2014 e oito sobre o Mar Negro.

"Além disso, sete barcos não tripulados que se dirigiam para a península da Crimeia foram destruídos" no Mar Negro, acrescentou o Ministério em comunicado.Estes ataques noturnos foram lançados numa altura em que a Ucrânia está a levar a cabo uma ofensiva surpresa na região fronteiriça de Kursk desde terça-feira.

Mais de mil soldados ucranianos, com cerca de dez tanques e 20 veículos blindados, entraram na região na terça-feira, de acordo com o Estado-Maior russo, que afirmou estar a fazer todos os possíveis para os repelir.

No entanto, este contingente parece ter ganho terreno ao apanhar as forças russas desprevenidas, embora Kiev tenha mantido um quase total silêncio, numa primeira fase, sobre a operação.
"Sentir os efeitos da guerra"
"A Rússia trouxe a guerra para o nosso país e deve sentir os seus efeitos", disse o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky no seu discurso de quinta-feira à noite, sem mencionar diretamente a incursão.

O seu conselheiro Mykhaïlo Podoliak também afirmou que esta ofensiva surpresa foi uma consequência da "agressão" russa na Ucrânia, sem a atribuir claramente às forças de Kiev.

"Uma grande parte da comunidade internacional considera atualmente a Rússia como um alvo legítimo para operações de qualquer tipo e com qualquer arma", acrescentou, enquanto muitos países ocidentais proibiram a Ucrânia de utilizar as armas que fornecem para atacar o território russo.No dia anterior, na televisão ucraniana, Podoliak tinha dito que, para obter algo de Moscovo na "mesa de negociações", o conflito não deveria seguir "o cenário" estabelecido pelos russos.

Os Estados Unidos, principal apoiante de Kiev, reiteraram na quinta-feira o seu "firme apoio aos esforços da Ucrânia para se defender da agressão russa", sem comentar os pormenores da situação. Na véspera, Washington tinha indicado que tinha interrogado as autoridades ucranianas para compreender os "objetivos" desta incursão de uma amplitude sem precedentes.

De acordo com o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), um centro de investigação sediado nos EUA, as tropas ucranianas penetraram até 35 quilómetros no território russo.

Vários analistas afirmaram à AFP que os soldados ucranianos chegaram a Soudja, uma cidade russa com cerca de 5.500 habitantes, situada a cerca de dez quilómetros da fronteira e onde se encontra um centro de gás que ainda abastece a Europa através da Ucrânia.

Na quarta-feira, Vladimir Putin mostrou-se visivelmente irritado na televisão russa, denunciando uma "provocação em grande escala" por parte da Ucrânia e acusando-a de atacar indiscriminadamente edifícios civis.

c/ agências
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