Chegou este sábado a solo ucraniano o primeiro carregamento de material militar enquadrado pelo mais recente pacote de cooperação gizado pela Administração Biden. Trata-se de 90 toneladas de munições e outros equipamentos destinados aos “defensores da linha da frente” no braço-de-ferro com a Rússia.
Moscovo tem-se desdobrado em negativas face às acusações de que está a postos para uma ofensiva militar em território ucraniano. Mas conserva, segundo os cálculos da Aliança Atlântica, perto de 100 mil soldados destacados junto à linha de fronteira, o que leva Washington, Bruxelas e Kiev a repetir os alertas para o risco de uma invasão do leste da Ucrânia, ao cabo de oito anos desde a anexação da Crimeia.Em dezembro, o presidente norte-americano, Joe Biden, aprovou um pacote de assistência à segurança para a Ucrânia dotado de 200 milhões de dólares.
Em Kiev, a embaixada dos Estados Unidos descreve o primeiro carregamento de material bélico como a tradução prática de um “forte empenho” de Washington para com “o direito da Ucrânia à autodefesa”.
“Os Estados Unidos vão continuar a fornecer esta assistência para apoiar as Forças Armadas da Ucrânia no seu esforço contínuo para defender a soberania e a integridade territorial contra a agressão russa”, escreveu a representação diplomática no Facebook.
“No ano passado, os Estados Unidos forneceram à Ucrânia mais de 650 milhões de dólares em assistência à segurança, incluindo este pacote de ajuda, e mais de 2,7 mil milhões de dólares em assistência total de segurança desde 2014”, assinala ainda a embaixada.
“O presidente Biden disse ao presidente Putin que, no caso de uma nova invasão russa da Ucrânia, os Estados Unidos forneceriam à Ucrânia muito mais equipamento de defesa, além do que já havia fornecido”, acentua-se no mesmo post.
Por sua vez, o ministro ucraniano da Defesa, Oleksiy Reznikov, agradeceu a assistência norte-americana, que chegou ao país horas depois de os chefes das diplomacias da Rússia e dos Estados Unidos terem mantido nova ronda de conversações apelidadas de “francas” – mas sem aparentes resultados concretos no que à escalada da tensão diz respeito.
NATO. O foco da mão de ferro russa
A Rússia anexou em 2014 a Península da Crimeia. Desde então, morreram pelo menos 14 mil pessoas e outros dois milhões deixaram para trás as suas casas face ao conflito entre o exército ucraniano e forças pró-russas apoiadas por Moscovo. A situação manteve-se tensa, a expensas de um acordo de paz firmado em 2015.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, veio já afirmar que, desta feita, há um risco real de um novo conflito armado na Europa.
Em Moscovo, Vladimir Putin tem reiterado a exigência de que a Ucrânia nunca venha a aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte, um risco, advoga o presidente russo, para a segurança do seu país.
Putin reclama também que a NATO cesse todos os exercícios militares encostados a leste e o envio de armamento para a Ucrânia.
c/ agências