Ucrânia. Putin aceita europeus nas conversações de paz e EUA na exploração de minérios
O presidente russo afirmou na segunda-feira que a Rússia não se opõe ao envolvimento da União Europeia nas conversações russo-americanas sobre a Ucrânia, mas fez notar que Bruxelas declinou até agora iniciar um diálogo com Moscovo.
Para Putin, a forma como Trump tem tratado a questão ucraniana é mais racional do que emotiva.Em entrevista televisiva, o líder russo mostrou-se igualmente favorável a investimentos norte-americanos na exploração de minerais estratégicos nos territórios ucranianos atualmente ocupados pelo exército russo e que o Kremlin considera seus.
"Estamos prontos para atrair parceiros estrangeiros para os nossos novos territórios históricos que foram devolvidos à Rússia. Há aqui certas reservas. Estamos prontos para trabalhar com os nossos parceiros, incluindo os americanos, nas novas regiões", disse Putin.
Donald Trump tem pressionado Kiev a aceitar um acordo sobre a exploração das terras raras, em pagamento pelo apoio militar durante a guerra e no futuro, em termos que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tem considerado inaceitáveis.
Zelensky tem ainda criticado Trump pelos contactos diretos com Putin e legitimação dos argumentos russos no conflito, sublinhando que, sem o envolvimento da Ucrânia nas conversações nunca será possível conseguir acordos de paz.
A União Europeia tem cerrado fileiras atrás de Zelensky enquanto procura atrair Trump de novo para a defesa da Ucrânia sem cedências à Rússia. Esta segunda-feira, ao reunir-se com Donald Trump na Sala Oval, em Washington, o presidente francês, Emmanuel Macron, garantiu que a Europa estava preparada para dar garantias de segurança à Ucrânia, incluindo soldados de paz, na eventualidade de um cessar-fogo.
Trump referiu que os EUA apoiam a ideia e que a abordaram com Putin tendo o líder russo mostrado abertura à ideia. O Kremlin tem-se oposto à colocação de tropas NATO na Ucrânia, e proibiu Kiev de aderir à Aliança Atlântica.
Washington já esclareceu que não irá enviar tropas para a região de forma a assegurar a segurança requerida por Kiev, colocando essa rresponsabilidade sobre ombros europeus.
A entrevista a Putin foi divulgada no dia em que se assinalam três anos sobre o início da invasão russa.
Estimativas ocidentais com base em relatórios de serviços de informação variam no número de vítimas mas concordam que o conflito já fez centenas de milhares de feridos e mortos, de ambos os lados.
Mais de seis milhões de ucranianos refugiaram-se em países externos desde 24 de fevereiro de 2022.