Ucrânia. Putin aceita europeus nas conversações de paz e EUA na exploração de minérios

por Graça Andrade Ramos - RTP
Vladimir Putin, na sua residência nos arredores de Moscovo, entrevistado pelo correspondente a TV Kremlin, Pavel Zarubin, em 24 de fevereiro de 2015 Mikhail Metzel - Reuters - Sputnik

O presidente russo afirmou na segunda-feira que a Rússia não se opõe ao envolvimento da União Europeia nas conversações russo-americanas sobre a Ucrânia, mas fez notar que Bruxelas declinou até agora iniciar um diálogo com Moscovo.

As conversações arrancaram na semana passada em Riade, ao mais alto nível, sem a presença de europeus ou ucranianos, dias depois de uma conversa telefónica entre Putin e o presidente norte-americano, Donald Trump.

Para Putin, a forma como Trump tem tratado a questão ucraniana é mais racional do que emotiva.Em entrevista televisiva, o líder russo mostrou-se igualmente favorável a investimentos norte-americanos na exploração de minerais estratégicos nos territórios ucranianos atualmente ocupados pelo exército russo e que o Kremlin considera seus.

"Estamos prontos para atrair parceiros estrangeiros para os nossos novos territórios históricos que foram devolvidos à Rússia. Há aqui certas reservas. Estamos prontos para trabalhar com os nossos parceiros, incluindo os americanos, nas novas regiões", disse Putin.

Donald Trump tem pressionado Kiev a aceitar um acordo sobre a exploração das terras raras, em pagamento pelo apoio militar durante a guerra e no futuro, em termos que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tem considerado inaceitáveis.

Zelensky tem ainda criticado Trump pelos contactos diretos com Putin e legitimação dos argumentos russos no conflito, sublinhando que, sem o envolvimento da Ucrânia nas conversações nunca será possível conseguir acordos de paz.

A União Europeia tem cerrado fileiras atrás de Zelensky enquanto procura atrair Trump de novo para a defesa da Ucrânia sem cedências à Rússia.
Esta segunda-feira, ao reunir-se com Donald Trump na Sala Oval, em Washington, o presidente francês, Emmanuel Macron, garantiu que a Europa estava preparada para dar garantias de segurança à Ucrânia, incluindo soldados de paz, na eventualidade de um cessar-fogo.

Trump referiu que os EUA apoiam a ideia e que a abordaram com Putin tendo o líder russo mostrado abertura à ideia. O Kremlin tem-se oposto à colocação de tropas NATO na Ucrânia, e proibiu Kiev de aderir à Aliança Atlântica.

Washington já esclareceu que não irá enviar tropas para a região de forma a assegurar a segurança requerida por Kiev, colocando essa rresponsabilidade sobre ombros europeus.

A entrevista a Putin foi divulgada no dia em que se assinalam três anos sobre o início da invasão russa.

Estimativas ocidentais com base em relatórios de serviços de informação variam no número de vítimas mas concordam que o conflito já fez centenas de milhares de feridos e mortos, de ambos os lados.

Mais de seis milhões de ucranianos refugiaram-se em países externos desde 24 de fevereiro de 2022.

Em relação ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que recebeu líderes europeus em Kiev, o líder russo sustentou que está a tornar-se uma "figura tóxica" na Ucrânia.

c/ agências
PUB