Ucrânia insiste em levar a guerra a solo russo debaixo de ameaça de "resposta digna"

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Anatoliy Zhdanov - Reuters

Uma semana após o início da incursão surpresa ucraniana nas regiões transfronteiriças que Moscovo tem tido dificuldade em conter, Kiev reivindicou o controlo de dezenas de aldeias russas e grandes extensões de terra, num total de mil quilómetros quadrados, obrigando mais de 100 mil civis russos a fugirem das suas casas. O presidente russo, Vladimir Putin, promete uma "resposta digna" e ordenou já às suas tropas a "expulsão do inimigo".

Continua em curso a operação das forças ucranianas em território russo, garantiu o comandante ucraniano, Oleksandr Syrskyi, ao presidente Zelensky na segunda-feira, através de uma video-chamada partilhada na rede social X.

"Continuamos a conduzir uma operação ofensiva na região de Kursk. Atualmente, controlamos cerca de mil quilómetros quadrados do território da Federação Russa", afirmou.

Do lado da Rússia, o governador da região de Kursk, Alexei Smirnov, admitira horas antes que as forças ucranianas tinham tomado o controlo de 28 povoações, numa incursão estimada de 12 quilómetros de profundidade e 40 quilómetros de largura, metade da área anunciada por Kiev.
Desde o início dos combates em Kursk que 121 mil pessoas foram evacuadas, 12 civis perderam a vida e outros 121 ficaram feridos, de acordo com o governador regional. Na segunda-feira as autoridades de Kursk anunciaram  que estavam a alargar a área de evacuação para incluir o distrito de Belovsky, onde vivem 14 mil pessoas.Também a região de Belgorod, que faz fronteira com Kursk, anunciou que estava a evacuar o seu distrito fronteiriço de Krasnoyaruzhsky.

O presidente da Ucrânia, Volodomyr Zelensky, explicou na segunda-feira que esta operação era uma questão de segurança nacional e que a região de Kursk tinha sido utilizada pela Rússia para lançar muitos ataques contra a Ucrânia nos últimos dois anos. "A Rússia deve ser forçada a fazer a paz se Putin quer tanto lutar", afirmou Zelensky. "A Rússia levou a guerra a outros e agora está a regressar a casa", acrescentou.

Vladmir Putin acusou a Ucrânia de querer "desestabilizar" a Rússia e de estar a tentar obter uma melhor posição negocial em potenciais conversações para pôr fim à guerra e de estar a tentar travar a ofensiva de Moscovo no leste da Ucrânia. Numa reunião televisionada com membros do Governo russo, na segunda-feira, Putin disse que "a principal tarefa do Ministério da Defesa é, obviamente, expulsar o inimigo dos nossos territórios"."O inimigo receberá uma resposta digna", afirmou Putin.

Moscovo lançou durante a noite 38 drones de ataque e dois mísseis balísticos Iskander-M contra a Ucrânia, disse a força aérea ucraniana esta terça-feira.

Já o ministério da Defesa da Rússia confirmou que as suas unidades de defesa aérea destruíram 12 drones ucranianos sobre a região de Kursk.

c/ agências
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