Ucrânia. Grupo de estudantes africanos preso na cidade de Kherson

por RTP
Siphiwe Sibeko - Reuters

Um grupo de estudantes africanos está preso na cidade de Kherson, que se encontra ocupada pelos russos. Os rapazes têm estado escondidos em bunkers, com temperaturas negativas e pedem ajuda para poder sair da cidade. O apelo foi feito à CNN, meio de comunicação americano, para que sejam evacuados.

“Estamos a viver um pesadelo. Não vivemos, apenas sobrevivemos”, palavras de Christophe, um estudante camaronês, à CNN. “A única esperança é quando estivermos a dormir, se conseguirmos dormir, esperar que amanhã alguém nos diga que vamos ser evacuados”.

Somos estudantes. Viemos estudar. Não viemos para viver isto. E agora vemos amigos que vivem noutras cidades que já foram embora. Não estão nesta situação. Podem imaginar as nossas famílias a telefonarem todos os dias a perguntar por novos desenvolvimentos. O que lhes vou dizer?”.

O camaronês, de apenas 23 anos, explicou ter contactado a embaixada dos Camarões na Ucrânia mas que não teve qualquer resposta até ao momento. Depois de várias tentativas, apenas a embaixada alemã respondeu a este grupo de estudantes. “Disseram-nos que ouviram falar de nós. Que estavam a trabalhar sobre o nosso caso e que era tudo”. Christophe disse nunca mais ter sido contactado.

“Não estamos a pedir nada de especial. Só queremos ajuda”.

A embaixada dos Camarões na Alemanha disse à CNN, por email, que está a tentar retirar os estudantes da cidade de Kherson mas que a situação é muito difícil. Nas redes sociais, os estudantes fazem apelos para sair.

No entanto, as saídas de Kherson são muito perigosas e cheias de dificuldades. Akinyemi, um antigo estudante nigeriano que ainda vive na Ucrânia, lembra as tentativas de fuga de muitos africanos, explicando logo a seguir que o sucesso das fugas tem sido praticamente nulo.

“Formámos aqui um grupo e o que vemos é que praticamente ninguém conseguiu sair [da Ucrânia]. Até agora, apenas uma das pessoas que conheço conseguiu ir embora. Os outros estudantes continuam por cá. Quase 100 por cento continuamos aqui”, disse à CNN.

O marinheiro vive na Ucrânia desde 2016 e descreveu ao órgão de comunicação o terror que está a viver. “A Rússia avança com as suas tropas todos os dias. Muitos pontos importantes estão controlados pelos russos. As lojas estão vazias. Já comprámos tudo o que podíamos. Estamos a cozinhar com lenha”.

Akinyemi diz que parece ouvir várias vezes sons de tiros e o bunker onde se encontra não tem Internet, não tendo possibilidade de falar com a família a dizer que está bem. O nigeriano diz que a solução é simples: criar um corredor humanitário à semelhança do que aconteceu na cidade de Sumy.

Akinyemi e Christophe são dois estudantes que esperam que o governo ucraniano e autoridades africanas trabalhem em conjunto para poderem sair em segurança.
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