Ucrânia alerta para "interferência externa destrutiva" na Transnístria

por Lusa

A diplomacia ucraniana alertou hoje para a "interferência externa destrutiva" de que é alvo a Transnístria, região separatista pró-russa na Moldova, que pediu proteção de Moscovo.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano apelou numa declaração para "uma resolução pacífica das questões económicas, sociais e humanitárias [entre Moldova e Transnístria], sem qualquer interferência externa destrutiva", em alusão à Rússia.

"Estamos a fazer e continuaremos a fazer todos os possíveis para (...) evitar qualquer tentativa da Rússia de desestabilizar a Moldova ou outros países da nossa região", acrescentou o Ministério, que disse estar "a acompanhar de perto os últimos desenvolvimentos".

A diplomacia ucraniana também pediu "a rápida retirada das tropas russas" da Transnístria.

A Rússia mantém 1.500 militares no território, segundo os números oficiais, envolvidos numa missão de manutenção da paz.

As autoridades da Transnístria aprovaram hoje uma declaração oficial que pede a proteção da Rússia face à Moldova, que adotou recentemente medidas de retaliação económica contra este território.

Na declaração, as autoridades separatistas solicitam a Moscovo que "adote medidas para proteger a Transnístria num contexto de crescente pressão por parte da Moldova".

Os deputados da Transnístria reuniram-se hoje oficialmente para abordar questões económicas, numa altura em que têm surgido alegações sobre um pedido de unificação deste território com a Rússia, exacerbadas pelas tensões com a vizinha Ucrânia, país invadido pela Rússia em fevereiro de 2022.

Em resposta, a Rússia afirmou que dará prioridade à proteção da população da Transnístria.

"Proteger os interesses dos residentes da Transnístria, os nossos compatriotas, é uma das prioridades. Todos os pedidos são sempre cuidadosamente considerados pelos órgãos russos relevantes", declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia.

A Moldova criticou as iniciativas das autoridades da região separatista pró-russa, tendo o vice-primeiro-ministro moldavo, Oleg Serebrian, declarado, na rede social Telegram, que o Governo "rejeita a propaganda vinda de Tiraspol" capital da autoproclamada república da Transnístria.

Na sua mensagem, o governante acrescentou que a região beneficia de "políticas de paz, segurança e integração económica" como parte dos seus laços com a União Europeia.

As tensões na região têm suscitado inquietações nos estados vizinhos e hoje o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, disse não estar surpreendido com "a ameaça de intervenção russa, ou pelo menos de provocação", mas avisou que este gesto "mostra o quão perigosa é a situação, e não apenas para a Ucrânia".

A Transnístria, uma estreita faixa de terra situada entre a Moldova e a Ucrânia, declarou a secessão após um breve conflito em 1992 contra o Exército moldavo.

No decurso de uma consulta pública em 2006, cujo resultado não foi reconhecido internacionalmente, a população local votou por larga maioria (97,1%) a favor da unificação com a Rússia.

Desde o início da invasão russa da Ucrânia, têm surgido alusões sobre uma eventual expansão do conflito à Transnístria.

Em 2023, as autoridades deste estado autoproclamado acusaram designadamente Kiev de pretender atacá-lo, após terem afirmado que preveniram em março um atentado contra os seus dirigentes.

Na semana passada, o Ministério da Defesa russo assegurou que a Ucrânia preparava uma "provocação armada" contra a Transnístria.

O território, que percorre o rio Dniestr e conta oficialmente com 465.000 habitantes na maioria russófonos, não é reconhecido como estado pelas instâncias internacionais, incluindo por Moscovo.

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