Twitter defende suspensão de conta de Trump mas admite precedente perigoso

por Mário Aleixo - RTP
A suspensão da conta de Trump no Twitter pode criar um precedente perigoso, segundo um diretor da empresa Reuters

O diretor executivo (CEO) do Twitter, Jack Dorsey, defendeu naquela rede social a suspensão permanente da conta de Donald Trump, decretada pela plataforma em 8 de janeiro, mas admitiu que pode estabelecer um precedente perigoso.

"Não celebro nem sinto orgulho por termos banido (a conta) @realDonaldTrump do Twitter", escreveu Dorsey naquela rede social, numa série de mensagens em que questionou se a expulsão do presidente cessante dos Estados Unidos daquela plataforma foi a atitude correta, após a violenta invasão do Capitólio, em 6 de janeiro, por militantes instigados por Trump.

"Acredito que foi a decisão certa", escreveu o responsável do Twitter, apontando que a rede social "enfrentou circunstâncias extraordinárias e insuportáveis", forçando a empresa a "concentrar todas as (suas) ações na segurança pública".

Apesar disso, Jack Dorsey admitiu que a decisão representa "um fracasso" da empresa em "promover um diálogo são" e admitiu que estabelece "um precedente perigoso: o poder de um indivíduo ou corporação sobre uma parte do discurso público global".

O responsável apontou que, em circunstâncias normais, um utilizador expulso por violar as regras de uma rede social pode recorrer a outra, mas recordou que, no caso de Trump, outras redes sociais decidiram igualmente suspendê-lo indefinidamente, após o anúncio do Twitter, abalando o equilíbrio do poder.

O Twitter era o principal instrumento de comunicação de Donald Trump, que tinha 88 milhões de seguidores naquela rede social.

Em 8 de janeiro, aquela rede social suspendeu de forma permanente a conta de Trump, citando os riscos de "nova incitação" à violência, dois dias depois de os seus apoiantes terem invadido o Capitólio.
Críticas à decisão
A decisão do Twitter foi criticada por vários dirigentes mundiais, incluindo a chanceler alemã, Angela Merkel, que considerou "problemático" o encerramento das contas do presidente cessante dos Estados Unidos por decisão das empresas.

"É possível interferir na liberdade de expressão, mas segundo os limites definidos pelo legislador e não através da decisão de uma empresa", disse na segunda-feira o seu porta-voz.

O comissário europeu Thierry Breton também exprimiu "perplexidade" com a decisão "sem controlo legítimo e democrático".

c/ agências
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