Perante o Sejm, o parlamento polaco, o primeiro-ministro Donald Tusk declarou que está a ser traçado um programa para "preparar um treino militar em larga escala que incluirá todos os homens adultos na Polónia".
"Tentaremos ter um modelo pronto até o final deste ano para que todos os homens adultos na Polónia sejam treinados em caso de guerra, para que essa reserva seja comparável e adequada às potenciais ameaças", argumentou.
Tusk declarou ainda que nos próximos meses conta dar todos os detalhes sobre a proposta para incentivar o treino generalizado.
"Todo homem saudável deverá querer treinar para poder defender a pátria se necessário", defendeu Tusk.
No entanto, Tusk rejeitou preocupações sobre um retorno ao serviço militar obrigatório. "Se eu tivesse proposto um retorno ao serviço básico, eu teria dito isso", assinalou.
No contexto de rearmamento da Europa, Tusk relembrou que o exército ucraniano tem 800 mil soldados, enquanto a Rússia tem cerca de 1,3 milhão. Desta forma, o primeiro-ministro quer aumentar o tamanho do exército polaco, incluindo os que estão na reserva, dos atuais 200 mil para 500 mil.
"Estamos a falar da necessidade de ter um exército de meio milhão na Polónia, incorporando quem passou à reserva", acentuou.
"Parece que se organizarmos as coisas sabiamente, e estou falando constantemente com o Ministro da Defesa, teremos que seguir vários caminhos. Isso significa que, para além de quem está na reserva, também haverá treino intensivo para aqueles que não vão para o exército, para torná-los soldados completos e competentes perante um conflito", acrescentou.
Tusk afirma que as mulheres também podem passar por treino militar, mas adverte que "a guerra ainda é, em grande medida, domínio dos homens".
O país encerrou o recrutamento obrigatório em 2008.
Investimento em armas
A Polónia projeta gastar 4,7 por cento em defesa este ano, a maior proporção na aliança da NATO.
Tusk sugeriu ao Parlamento que os gastos deveriam aumentar para cinco por cento do PIB. Tempos atrás, o Presidente polaco Andrzej Duda já tinha proposto alterar a constituição para tornar obrigatória a despesa com defesa num nível de quatro por cento do PIB.
Durante o discurso, o primeiro-ministro também se declarou a favor da retirada da Polónia da convenção de Ottawa, que proíbe o uso de minas terrestres antipessoal, e da convenção de Dublin, que proíbe o uso de munições de fragmentação.
Desde a invasão da Rússia na Ucrânia, em 2022, que a Polónia começou a aumentar os gastos com a defesa.
Foram assinados contratos na compra de armas no valor de cerca de 18,4 mil milhões de euros com Washington. No lista estão 250 tanques de batalha M1A2 Abrams, 32 jatos F-35, 96 helicópteros Apache, mísseis Javelin e sistemas de foguetes de artilharia.
Varsóvia também assinou contratos com a Coreia do Sul para comprar tanques K2 e aeronaves leves de combate FA-50.
"Corrida pela segurança"
Apesar da pressão da Polónia para garantir capacidades de defesa mais fortes, Varsóvia permaneceu firme em excluir o envio de tropas para a Ucrânia, mesmo como parte de uma possível missão de manutenção da paz. "A tarefa da Polónia é proteger a sua fronteira oriental, que também é a fronteira da NATO e da União Europeia", afirmou Tusk.
Também na sexta-feira, Katarzyna Pelczynska-Nalecz, ministra polaca responsável pelo desenvolvimento e política regional, anunciou que a Polónia realocará 7,2 mil milhões de euros do fundo de recuperação para um fundo diferente dirigido à segurança e defesa.
O fundo visa apoiar a "defesa civil, projetos de uso duplo, abrigos, estradas e investigação e desenvolvimento da indústria de defesa", esclareceu Pelczynska-Nalecz.
"É uma corrida muito séria a que nos espera. E esta é uma corrida pela segurança, não uma corrida pela guerra", assegurou Tusk.