Turquia não cruzará os braços se Israel atacar o Líbano

por RTP
O primeiro-ministro turco, Erdogan (à esq.), em visita a Beirute, com o seu homólogo libanês, Saad Hariri Nabil Mounzer, Epa

O primeiro-ministro turco lançou hoje um aviso de que a Turquia não permanecerá, desta vez, "silenciosa", se Israel atacar novamente o Líbano. As declarações de Recep Tayyip Erdogan constituem mais um passo na escalada verbal israelo-turca.

Segundo a agência France Press, Erdogan, em visita a Beirute, perguntou retoricamente: "Pensará [Israel ] que pode entrar pelo Líbano com os mais modernos tanques e aviões para matar mulheres e crianças, destruir escolas e hospitais, e depois esperar que permaneçamos silenciosos?" E prosseguiu: "E pensará [Israel] que pode usar as armas mais modernas, munições de fósforo e bombas de fragmentação para matar crianças de Gaza e depois esperar que permaneçamos silenciosos?"

Evidenciando que, no contexto, o "silêncio" deve ser lido no sentido mais lato de passividade, e que não se refere apenas a permanecer calado ou a protestar, Erdogan respondeu às suas próprias perguntas: "Não permaneceremos silenciosos e apoiaremos a justiça por todos os meios ao nosso alcance".

A visita de Erdogan ao Líbano tem fornecido a ocasião a diversos comentários críticos do primeiro-ministro turco contra a política israelita. Num encontro realizado na segunda feira com o seu homólogo libanês, Saad Hariri, e com o presidente Michel Suleiman, Erdogan afirmara que Israel põe em perigo a paz mundial ao oprimir o povo palestiniano, ao violar o espaço aéreo libanês e ao manter secreto o seu programa nuclear. Erdogan tem vindo a pressionar os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU para que exijam de Israel esclarecimentos sobre esse programa nuclear equivalentes aos que tem vindo a exigir do Irão.

Segundo o diário israelita Haaretz, a Turquia recebeu na semana passada um pedido formal de desculpas de Israel pelo tratamento humilhante que fora dado há meses ao embaxiador turco em Israel. Erdogan comentou secamente o pedido de desculpas, como "a resposta esperada e pretendida". A secura explica-se facilmente se tivermos em conta que o pedido de desculpas mais importante, referente ao ataque israelita contra o barco turco na "Flotilha da Liberdade", e aos nove cidadãos turcos mortos nessa ocasião, continua a ser recusado pelas autoridades israelitas.
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