Turquia. Dezenas de detidos por "mensagens provocatórias" após detenção de opositor de Erdogan
O Governo turco anunciou esta quinta-feira que foram detidas 37 pessoas pela publicação de “mensagens provocatórias” nas redes sociais após a detenção do presidente da Câmara de Istambul, Ekrem Imamoglu, apontado como o grande opositor do presidente turco nas Presidenciais de 2028. Milhares de manifestantes saíram às ruas na quarta-feira em Istambul, Ancara e outras cidades para denunciar o que apelidam de “golpe de Estado”.
As detenções ocorreram no seguimento da detenção do presidente da Câmara de Istambul, Ekrem Imamoglu, na quarta-feira.
Imamoglu, o principal adversário político do presidente Recep Tayyip Erdogan, foi detido sob acusações de corrupção e auxílio a um grupo terrorista, uma ação que a oposição condenou como uma "tentativa de golpe" e que desencadeou uma onda de manifestações.
Imamoglu, que deveria ser nomeado no domingo candidato do Partido Popular Republicano (CHP) às próximas Eleições Presidenciais, marcadas para 2028, passou a noite sob custódia policial, juntamente com mais de 80 pessoas que também foram detidas na quarta-feira.
Numa mensagem publicada na rede social X esta quinta-feira, Imamoglu pediu que a Turquia “se oponha a este mal como nação”, apelando aos membros do poder judicial e do partido no poder para lutar contra a injustiça.
"Estes acontecimentos estão para lá dos partidos e dos ideais políticos. O processo diz agora respeito ao nosso povo, ou seja, às suas famílias. É tempo de levantarmos as nossas vozes", disse.
Milhares saem às ruas em protesto
Milhares de manifestantes saíram às ruas e aos campus universitários na quarta-feira em Istambul, Ancara e outras cidades, em protesto contra o que consideram ser “um golpe de Estado”.
Os manifestantes voltaram a mobilizar-se esta quinta-feira. A polícia bloqueou estradas e estacionou camiões com canhões de água perto da esquadra onde o presidente da Câmara de Istambul está detido e de outras zonas da maior cidade da Turquia.
"Detiveram à pressa o nosso presidente da Câmara, que elegemos com os nossos votos", disse Ali Izar, um apoiante da oposição, citado pela agência Reuters.
O presidente do CHP, Özgür Özel, convocou um comício às 20h30 (17h30 GMT) em frente à sede municipal, informou o seu partido à AFP. Özel denunciou o que apelida de "golpe contra a oposição" e acusa o Governo de querer “anular a vontade do povo”.
"Não há corrupção, nem grupo terrorista, mas sim executores da justiça no comando", declarou, defendendo que "o único crime de Imamoglu é (...) ter conquistado o coração do povo. O seu único crime é que será o próximo presidente!"
A Praça Taksim e o adjacente Parque Gezi, locais emblemáticos dos protestos no centro de Istambul, permanecem barricados para impedir qualquer concentração e o governador da cidade já anunciou que os encontros naqueles locais estão proibidos até domingo.
O governo impôs uma proibição de quatro dias de ajuntamentos e restringiu o acesso a algumas redes sociais para limitar as comunicações. O acesso a vários serviços de redes sociais e mensagens, incluindo X e WhatsApp, ainda estava restrito em Istambul na manhã desta quinta-feira, de acordo com a plataforma de monitorização da Internet Free Web Turkey.
O governo negou as acusações e deixou avisos àqueles que querem fazer a ligação de Erdogan ou do governo à detenção de Imamoglu, garantindo que o poder judicial é independente.
c/agências