A Turquia acusou hoje França de alimentar tensões no Mediterrâneo Oriental, a propósito do conflito entre a Turquia e a Grécia sobre os direitos de exploração de recursos energéticos, ao participar em exercícios militares ao largo de Chipre.
A acusação foi feita horas antes de a questão ser discutida pelos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE), numa reunião informal em Berlim, na qual é esperado que sejam debatidas eventuais sanções para refrear a insistência turca em fazer prospeções de hidrocarbonetos em águas disputadas.
A Alemanha, que assegura neste segundo semestre do ano a presidência rotativa da UE, envolveu-se em esforços de mediação para tentar apaziguar as tensões entre a Grécia e a Turquia.
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conversou telefonicamente na quarta-feira com os dirigentes dos dois países e o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse no mesmo dia estar em "contacto permanente" com Ancara e Atenas.
O ministro da Defesa turco, Hulusi Akar, fez hoje duras críticas a França, que participa, com Itália, Grécia e Chipre em exercícios militares conjuntos a leste desta ilha.
"Pensar que seria possível deter as operações das Forças Armadas turcas com exercícios e atividades similares não passa de uma quimera", disse o ministro numa entrevista à agência estatal turca Anadolu.
Ao mesmo tempo, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros turco, Hami Aksoy, acusou França de enviar aviões militares para a ilha dividida de Chipre, violando os acordos de 1960, "sob pretexto" de realizar exercícios militares.
"França [...] está com esta atitude a encorajar perigosamente o duo cipriotas-gregos e gregos, que é responsável pelas atuais tensões no Mediterrâneo, a aumentar ainda mais a tensão", afirmou o porta-voz num comunicado.
França e Grécia participam nos exercícios com navios e aviões militares, enquanto Chipre testa as capacidades do seu sistema de defesa aérea, segundo o Ministério da Defesa cipriota.
A Turquia emitiu, entretanto, um aviso, designado Navtex, de que vai realizar exercícios com fogo real a 01 e 02 de setembro ao largo da sua costa sul.
Ancara tem desde 10 de agosto um navio, o Oruc Reis, em missão de pesquisa sísmica, escoltado por navios de guerra.
A Grécia alega que o navio está na plataforma continental grega, numa zona em que Atenas tem direitos exclusivos sobre eventuais jazidas submarinas de gás e petróleo, e enviou navios de guerra para seguir os movimentos da flotilha turca.
A Turquia recusa os argumentos gregos e insiste que as pequenas ilhas gregas junto à costa turca não devem ser consideradas para a delimitação das fronteiras marítimas.