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Tunísia. ONU denuncia expulsões de migrantes africanos para fronteiras de Líbia e Argélia

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Migrantes esperam no porto tunisino de Sfax depois de terem sido detidos no mar pela guarda costeira tunisina durante uma tentativa de travessia para Itália, a 26 de abril. Jihed Abidellaoui - Reuters

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou esta terça-feira as expulsões de migrantes da África subsaariana da Tunísia para as fronteiras da Líbia e da Argélia, onde têm vindo a ser abandonados no deserto, sem água nem assistência. O que já vitimou dezenas de pessoas nas últimas semanas.

As Nações Unidas já se tinham pronunciado, na semana anterior, sobre o drama humanitário que se vive atualmente no Magrebe, através das agências com tutela sobre as migrações - o Alto Comissariado para os Refugiados (ACNUR) e Organização Mundial para as Migrações -, e apelado a “soluções urgentes” para salvar as centenas de migrantes, refugiados e requerentes de asilo que se encontram retidos em condições desumanas nas fronteiras da Líbia e da Argélia. A crise humanitária na fronteira entre a Tunísia e a Líbia tem vindo a intensificar-se nas últimas semanas, “com a descoberta de 25 corpos na terra de ninguém entre os dois países”, noticia o portal Libya Update, citando as autoridades tunisinas e organizações humanitárias. 

Na terça-feira, a partir da sede da ONU em Nova Iorque, Farhan Haq reiterou o apelo para que se ponha “imediatamente termo a estas expulsões” e se proceda “urgentemente à deslocação das pessoas retidas ao longo da fronteira para locais seguros”, onde possam “ser protegidas e ter acesso a água, alimentos, abrigo e cuidados médicos adequados”.


Entre estas pessoas estavam Fati Dosso, de 30 anos e a filha Marie, de apenas seis, encontradas mortas com os rostos submersos na areia pelo jornalista líbio Ahmad Khalifa, depois de terem sido deixadas à sua sorte no deserto."Vários morreram na fronteira com a Líbia e centenas de pessoas, incluindo mulheres grávidas e crianças, estão ainda presas em condições extremamente difíceis, com pouco acesso a alimentos e água", insistiu o porta-voz adjunto de António Guterres.

Pelo menos “1.200 cidadãos subsaarianos” foram “expulsos” pelas autoridades tunisinas e abandonados nas fronteiras com a Líbia e a Argélia, desde o início de julho, estima a organização não-governamental Human Rights Watch.

"Todos os migrantes, refugiados e requerentes de asilo devem ser protegidos e tratados com dignidade, com pleno respeito pelos seus Direitos Humanos, independentemente do seu estatuto, em conformidade com o Direito Internacional", relembrou a organização.

c/ agências
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