Túmulo do líder da extrema-direita francesa Jean-Marie Le Pen foi vandalizado

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Reuters

O túmulo do fundador da Frente Nacional (FN) Jean-Marie Le Pen, que morreu a 7 de janeiro, foi vandalizado esta quinta-feira à noite no cemitério de la Trinité-sur-Mer, segundo a imprensa e as autoridades francesas.

A campa do líder da extrema-direita francesa "foi bastante danificada, penso que por golpes de marreta", contou Philippe Olivier, conselheiro especial de Marine Le Pen e marido da sua irmã mais velha Marie-Caroline, acrescentanto que a cruz celta no local "estava partida".

“Não há palavras para descrever aqueles que atacam o mais sagrado dos bens. Aqueles que atacam os mortos são capazes do pior contra os vivos”, afirmou Marie-Caroline Le Pen na rede social X.


De acordo com a imprensa nacional, as autoridades francesas fizeram o levantamento dos danos e comunicaram-nos à família Le Pen esta sexta-feira de manhã.

"Os gendarmes deslocaram-se ao local. Os danos parecem ser consideráveis", declarou Gilles Pennelle, eurodeputado do Rassemblement National (RN) e conselheiro regional da Bretanha, acrescentando que "é impossível vigiar a sepultura 24 horas por dia" e que "a cobardia juntou-se à abjeção".

Esta sexta-feira foi aberto um inquérito sobre a "violação de uma sepultura, de um túmulo, de uma urna funerária ou de um monumento erigidiso em memória de mortos", segundo o Ministério Público de Lorient, em França. O cemitério esteve encerrado para investigações e foi reaberto ao público a meio da tarde de sexta-feira.

Ao longo do dia várias figuras políticas manifestaram a sua indignação com o sucedido, com o ministro francês do Interior, Bruno Retailleau, a denunciar uma "abjeção absoluta" e o presidente da Câmara de Perpignan e vice-presidente do Rassemblement National, Louis Aliot, a prometer justiça: "vamos apanhá-los"

A neta de Jean-Marie Le Pen, Marion Maréchal, denunciou uma "infâmia", numa mensagem na rede social X. "Destruíram o túmulo dos nossos antepassados”, afirmou. "Podem pensar que podem partir-nos o coração, intimidar-nos, desencorajar-nos? Mas a nossa resposta será lutar cada vez mais convosco, geração após geração", acrescenta.


Também Jordan Bardella, presidente do Rassemblement National, um partido herdeiro da Frente Nacional, criticou fortemente. "A profanação do túmulo de Jean-Marie Le Pen é um ato inqualificável, cometido por aqueles que não respeitam nem os vivos nem os mortos. A moral mais universal já condena os autores: espero que também eles sejam encontrados e severamente punidos pela lei”, escreveu na rede social X.

 
Jean-Marie Le Pen morreu a 7 de janeiro, aos 96 anos,  e foi sepultado a 11 de janeiro na sua cidade natal, em La Trinité-sur-Mer. Após o anúncio da sua morte, centenas de pessoas saíram às ruas de várias cidades francesas para celebrar a sua morte, entoando cânticos de protesto contra a extrema-direita e lançando fogos de artíficio e petardos.

c/agências
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