Trump volta a criticar aliados da NATO e recusa "comércio estúpido"

por Andreia Martins - RTP
O Presidente norte-americano já está em Singapura para a cimeira com o líder norte-coreano Kim Kyung Hoon - Reuters

O Presidente norte-americano lançou várias críticas contra parceiros e aliados ainda no rescaldo da cimeira do G7 no Canadá. Numa série de tweets, Donald Trump considerou que o comércio com o país vizinho não é “reciproco” e voltou a apontar a falta de investimento em defesa por parte dos países europeus que integram a Aliança Atlântica.

A partir de Singapura, onde vai decorrer esta terça-feira o encontro inédito com o líder norte-coreano, o Presidente dos Estados Unidos continuou a visar os aliados do G7, depois de uma cimeira marcada pela tensão entre os principais líderes que culminou com a rejeição do comunicado conjunto. 

No Twitter, Donald Trump considera que o comércio justo “deve ser chamado de comércio idiota se não for recíproco”. Na visão do Presidente norte-americano, o Canadá, tal como outros países, beneficia em larga escala do comércio com os Estados Unidos.


“Porque é que eu, enquanto Presidente dos Estados Unidos, devo continuar a permitir que os países continuem a obter superavits comerciais massivos, como têm há décadas, enquanto os nossos agricultores, trabalhadores e contribuintes têm um peso tão grande e injusto a pagar? Não é justo para o povo norte-americano!”, escreveu num tweet.


Donald Trump fez ainda questão de lembrar, numa outra mensagem na rede social, que os Estados Unidos pagam “perto de todo o custo da NATO”, protegendo dessa forma “muitos dos mesmos países que nos roubam no comércio”. “Eles pagam apenas uma pequena fração e ficam a rir-se”, diz ainda.  

O Presidente norte-americano referiu também que a Alemanha “paga 1% (lentamente) do PIB” para a Aliança Atlântica, enquanto os Estados Unidos pagam “4% de um PIB MUITO maior”.  


“Alguém acredita que isto faz sentido? Nós protegemos a Europa (o que é bom) com grandes perdas financeiras e depois somos injustamente agredidos no comércio. A mudança está a chegar!”, assegurou o Presidente.  

“Desculpem, não podemos deixar que os nossos amigos ou inimigos continuem a tirar proveito de nós no comércio por mais tempo. Vamos pôr o trabalhador americano primeiro!”, escreveu Donald Trump. 


A sucessão de tweets surge depois de um fim de semana de cimeira do Grupo dos Sete no Quebeque que terminou com uma divisão atípica entre os principais líderes mundiais, responsáveis por chefiar as sete economias mais industrializadas do globo.  

No domingo, já depois de ter abandonado antecipadamente o Canadá, Donald Trump demarcou-se do comunicado conjunto, dirigindo acusações de “desonestidade” contra o primeiro-ministro canadiano Justin Trudeau.  

O documento final enfatizava a necessidade de redução de “barreiras tarifárias” e surge dias depois de Washington ter iniciado, no início de junho, a imposição de taxas alfandegárias ao aço e alumínio proveniente da União Europeia, Canadá e México.

Esta segunda-feira, Larry Kudlow, principal assessor económico de Donald Trump, acusou o responsável canadiano de ter “traído” os Estados Unidos. Em entrevista à CNN, Kudlow diz que o responsável canadiano desferiu um “golpe político imaturo” contra Trump “para consumo doméstico”.  

O comunicado conjunto do Grupo dos Sete que Donald Trump não homologou, incluindo alguns dos principais aliados de Washington - Canadá, Reino Unido, França, Itália, Alemanha e Japão – destaca a necessidade de um comércio “livre, justo e mutuamente benéfico” e ainda a importância de combate ao protecionismo.
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