O Presidente norte-americano considera que a reação de Pyongyang ao cancelamento do encontro em Singapura foi “produtiva” e "calorosa" e deixou mesmo mesmo em aberto a possibilidade de vir a realizar a cimeira a 12 de junho, tal como estava inicialmente previsto.
Quase 24 horas depois do cancelamento daquela que seria uma cimeira inédita entre os líderes de Estados Unidos e Coreia do Norte, as declarações enunciadas pelos dois lados fogem à retórica de confronto adotada por outros responsáveis durante a última semana. De tal forma que o Presidente norte-americano admite até mudar de ideias.
Num primeiro momento, o Presidente elogiou o posicionamento construtivo de Pyongyang em reação ao cancelamento da conferência que estava marcada para 12 de junho, em Singapura.
Very good news to receive the warm and productive statement from North Korea. We will soon see where it will lead, hopefully to long and enduring prosperity and peace. Only time (and talent) will tell!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 25 de maio de 2018
“Muito boa notícia receber esta afetuosa e produtiva declaração da Coreia do Norte. Em breve veremos onde nos poderá levar, esperançosamente, para uma prosperidade e paz duradouras. Só o tempo (e o talento) dirá!”, escreveu Donald Trump no Twitter.
Depois, em declarações aos jornalistas à saída da Casa Branca, deixou em aberto a possibilidade de vir a permitir a realização da cimeira que ontem cancelou. "Vamos ver o que acontece. Estamos em conversações com eles. Pode até ser no dia 12. Gostariamos que fosse", referiu o Presidente, citado pela agência Reuters.
O presidente norte-americano reagia às palavras que chegaram esta sexta-feira da Coreia do Norte. Kim Kye-gwan, primeiro vice-ministro dos Negócios Estrangeiros norte-coreano, comprovou a disponibilidade dos norte-coreanos em "sentar-se cara a cara [com os Estados Unidos], a qualquer momento e de todas as formas".
Ainda que tenha "lamentado" a decisão "repentina e unilateral" de Donald Trump de cancelar a cimeira, o responsável adotou um tom concliatório. "Apreciamos que o Presidente Trump tenha tomado uma decisão corajosa, que nenhum outro Presidente dos EUA teve, para a realização de um evento tão crucial como a cimeira", assinalou Kim Kye-gwan.
Na quinta-feira, o Presidente norte-americano anunciou o cancelamento da cimeira de 12 de junho devido à "hostilidade aberta" entre as partes em declarações recentes.
Desde há uma semana que a Coreia do Norte vinha a ameaçar que poderia não comparecer no encontro de Singapura, isto depois de John Bolton, conselheiro de Trump para a Segurança Nacional, ter sugerido a aplicação do "modelo líbio" no caso norte-coreano e que Kim Jong-un poderia ter o mesmo destino de Khadafi.
De seguida, foi a vez de o vice-presidente Mike Pence fazer a mesma comparação, assinalando que a Coreia do Norte "podería ter o mesmo fim" que conheceu o regime líbio.
A nova referência ao país do Magrebe, com tudo o que isso implica, voltou a provocar Pyongyang. É que o regime liderado por Muhammad Khadafi aceitou desistir do programa nuclear em 2003, em troca do
levantamento de sanções económicas e políticas pelos Estados Unidos, à imagem do que Washington procurava conseguir agora com a Coreia do Norte.
No entanto, a ditadura viria a ser derrubada oito anos numa operação que culminou com a execução do líder líbio às mãos do Conselho Nacional de Transição, um grupo de oposição apoiado pelo Ocidente.