Trump investigado por possível ameaça de morte a ex-congressista

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Joel Angel Juarez - Reuters

A procuradora-geral do Arizona anunciou a abertura de uma investigação contra Donald Trump por possível "ameaça de morte" a Liz Cheney, ex-congressista republicana mas que declarou apoio à candidata democrata, Kamala Harris.

Em causa estão as declarações do ex-presidente durante um evento de campanha no Arizona, na quinta-feira. Donald Trump sugeriu que Liz Cheeney deveria “enfrentar um pelotão de fuzilamento” pelas suas posições em política externa.

“Ela é um falcão de guerra radical. Vamos pô-la ali munida de uma espingarda, com nove armas a disparar sobre ela”, disse Trump. “Vamos ver como se sente quando treinarem com ela como alvo”, acrescentou.

Durante uma entrevista a uma televisão local na sexta-feira, a principal procuradora do Arizona, Kris Mayes, disse que Trump pode ter violado as leis estaduais que proíbem ameaças de morte.

"Já pedi ao meu chefe da divisão criminal para começar a analisar essa declaração, para ver se ela se qualifica como uma ameaça de morte sob as leis do Arizona", disse Mayes, explicando que é preciso avaliar se os comentários de Trump se qualificam como liberdade de expressão protegida ou como uma ameaça criminosa.

"Essa é a questão, se realmente cruzou a linha. É profundamente preocupante", disse Mayes. "É o tipo de coisa que irrita as pessoas e que torna a nossa situação no Arizona e em outros Estados mais perigosa”, alertou.

A equipa da campanha de Trump disse que os comentários do candidato republicano à Casa Branca foram mal interpretados, argumentando que o ex-presidente estava a criticar Cheney como uma belicista.

"O presidente Trump está 100% correto ao dizer que belicistas como Liz Cheney são muito rápidos a começar guerras e a enviar outros americanos para lutar contra elas, em vez de entrarem em combate eles mesmos", disse Karoline Leavitt, porta-voz da campanha de Donald Trump, em comunicado.
“É assim que os ditadores destroem nações livres”
Tanto a vice-presidente e candidata democrata, Kamala Harris, como Cheney, uma ex-congressista republicana que declarou apoio à candidatura de Harris à Casa Branca, condenaram os comentários de Trump.

Em declarações aos jornalistas, Harris disse que Trump "está cada vez mais instável e desequilibrado".


"Qualquer um que queira ser presidente dos Estados Unidos e use este tipo de retórica violenta está claramente excluído e não qualificado para ser presidente", disse a vice-presidente de Joe Biden.

Numa publicação nas redes sociais, Cheney descreveu Trump como um “ditador”. "É assim que os ditadores destroem as nações livres. Eles ameaçam aqueles que falam contra eles com a morte”, escreveu. “Não podemos confiar o nosso país e a nossa liberdade a um homem mesquinho, vingativo, cruel e instável que quer ser um tirano", acrescentou.

Durante o evento no Arizona, Trump também criticou outros que apoiam o envolvimento dos EUA em conflitos estrangeiros.

“São todos falcões de guerra, quando estão sentados em Washington num belo edifício, a dizer: «Vamos enviar dez mil militares para a boca do inimigo»”, disse o ex-presidente norte-americano.

A três dias das eleições norte-americanas, os candidatos participam este sábado em comícios. Donald Trump está na Carolina do Norte, onde os republicanos venceram por uma margem estreita nas últimas eleições.

Kamala Harris está na Geórgia, em Atlanta, também num comício. A candidata democrata aposta neste Estado onde Joe Biden ganhou em 2020.
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