Numa série de tweets publicados esta sexta-feira, o Presidente norte-americano justificou a decisão de cancelar uma operação em curso que tinha como propósito responder ao abate de um drone não-tripulado na última quinta-feira, perto do Estreito de Ormuz.
O Irão garante que o aparelho sobrevoava águas territoriais iranianas no momento em que foi atingido, mas os Estados Unidos asseguram que o drone não violou o espaço iraniano e se encontrava em águas internacionais.
Donald Trump refere que o ataque em curso iria visar três locais diferentes, mas que mudou de ideias após questionar um general sobre o número de possíveis baixas. “Estavamos preparados e carregados para retaliar na última noite em três locais diferentes", revela.
"Quando perguntei quantas pessoas morreriam, disseram 150 pessoas. Dez minutos antes do ataque ordenei que parassem. Não era uma resposta proporcional ao abate de um drone não tripulado”, acrescenta.
Mais sanções contra Teerão
Neste conjunto de quatro mensagens publicadas no Twitter, o Presidente norte-americano diz que "não tem pressa" nesta questão. "O nosso Exército estão reconstruídas, novas e prontas a atacar, de longe as melhores do mundo", refere.
Donald Trump faz referência às sanções que estão a ser aplicadas ao Irão desde que os Estados Unidos rasgaram o acordo sobre o programa nuclear, em maio de 2018. "As sanções estão a fazer mossa e foram reforçadas na última noite", refere o Presidente norte-americano, sem avançar com mais pormenores. "O Irão NUNCA pode ter armas nucleares", frisou.
Antes de mencionar o ataque e explicar o recuo da noite passada, Donald Trump voltou a criticar o acordo sobre o programa nuclear assinado em 2015, ainda durante a presidência anterior.
"O Presidente Obama fez um acordo desesperado e terrível com o Irão, deu-lhes 150 mil milhões de dólares, mais 1,8 mil milhões em DINHEIRO! O Irão estava em apuros e ele salvou-os", refere o Presidente, considerando que o entendimento dava a Teerão um "caminho livre" para obter armas nucleares no futuro próximo.
"Em vez de agradecer o Irão gritou 'Morte à América'. Eu acabei com o acordo, que nem sequer foi ratificado pelo Congresso e impûs novas sanções. Eles têm uma nação muito mais enfraquecida hoje em dia que no início da minha Presidência, numa altura em que causavam grandes problemas no Médio Oriente. Agora estão em falência!", escreveu ainda Donald Trump.
O jornal norte-americano
The New York Times revelou esta sexta-feira que
Donald Trump ordenou um ataque contra Teerão mas recuou no momento em que já decorria a operação.
Paula Martinho da Silva - RTP
Militares e responsáveis diplomáticos esperavam que ocorresse uma ofensiva norte-americana contra os iranianos na quinta-feira após uma reunião na Casa Branca sobre a resposta ao ataque ir de quinta-feira na zona do Estreito de Ormuz, avança a edição online do diário norte-americano.
De acordo com a agência Reuters, o Irão chegou a ser avisado de que o ataque estaria iminente. O regime iraniano recebeu um aviso via Omã, país com o qual tanto Washington como Teerão têm relações diplomáticas.
"Na mensagem enviada, Donald Trump dizia que era contra qualquer tipo de guerra com o Irão e que queria falar com o Irão sobre várias questões. Deu-nos um curto período de tempo para que respondêssemos, mas a resposta imediata do Irão foi que caberia ao Líder Supremo, o ayatollah Ali Khamenei, tomar uma decisão", disse um responsável iraniano à agência Reuters, sob condição de anonimato.
"Deixámos claro que o Líder é contra quaisquer conversações, mas a mensagem será entregue na mesma para que tome uma decisão. No entanto, reiteramos ao responsável omani que qualquer tipo de ataque contra o Irão terá consequências regionais e internacionais", afirmou outro responsável iraniano ouvido pela agência Reuters.