"Com este decreto, a guerra contra o desporto feminino acabou", prometeu o presidente norte-americano ao assinar o decreto, designado "Manter os homens fora dos desportos femininos" ("Keeping Men Out of Women's Sports").
"A partir de agora, os desportos femininos serão apenas para mulheres", acrescentou, rodeado de raparigas em idade escolar. A ordem faz parte de um "esforço abrangente para recuperar a nossa cultura e as nossas leis", acrescentou o presidente.A ordem foi assinada no Dia Nacional das Raparigas e das Mulheres no Desporto.
Segundo esta nova ordem executiva, as escolas que permitam a competição de atletas transgénero estarão a violar o chamado “Título IX”, a lei federal que proíbe a discriminação sexual nas escolas.
Segundo essa lei, as escolas que discriminam com base no sexo não são elegíveis para financiamento federal.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, explicou que o decreto exige uma “ação imediata” em escolas e associações atléticas de todo o país que “negam às mulheres desportos e balneários de um só sexo”.
Apesar de se aplicar a toda a nação, a ordem executiva afeta apenas um pequeno número de atletas, já que, segundo o presidente da National Collegiate Athletics Association (NCAA), são menos de dez os atletas transgénero entre os 520.000 que competem nas 1.100 escolas associadas.
Impacto nos Jogos Olímpicos de 2028
O presidente aproveitou a ocasião para lançar um alerta ao Comité Olímpico Internacional (COI), uma vez que os Estados Unidos deverão acolher os próximos Jogos Olímpicos.
"Em Los Angeles, em 2028, a minha Administração não vai ficar de braços cruzados a ver homens derrotarem mulheres atletas", avisou, passando a repetir uma informação já desmentida de que a pugilista argelina e campeã olímpica Imane Khelif é do sexo masculino.
"Não vamos deixar que isso aconteça", insistiu.
Nesse sentido, a Administração Trump irá "recusar todos os pedidos de visto apresentados por homens que tentem entrar nos Estados Unidos de forma fraudulenta, identificando-se como atletas do sexo feminino", garantiu.
Maioria dos americanos a favor da decisão
A ordem executiva assinada esta quarta-feira também prevê que organismos desportivos privados se reúnam na Casa Branca com o presidente, para que este possa ouvir pessoalmente "as histórias de atletas femininas que sofreram lesões ao longo da vida, que foram silenciadas e forçadas a tomar banho com homens e a competir com homens em campos de atletismo em todo o país".
Logo no primeiro dia de mandato, o presidente Donald Trump assinou uma outra ordem executiva que determinou que apenas existem dois géneros: masculino e feminino. No oitavo dia, o seu Departamento de Educação anunciou a abertura de uma investigação a uma escola de Denver que possui uma casa de banho mista.
Ainda durante a campanha presidencial, sondagens revelaram que a maioria dos americanos se opõe a que os atletas transgénero participem em desportos que correspondam à sua identidade de género.
Atualmente, mais de 20 Estados norte-americanos têm leis que proíbem as raparigas transexuais de participarem em desportos femininos. Várias dessas jovens estão a lutar judicialmente contra essa imposição.