Donald Trump vai recandidatar-se à presidência dos Estados Unidos e, tal como aconteceu em 2016, as probabilidades não estão a seu favor - ainda que, desta vez, por motivos muito diferentes. Se há oito anos, quando começou a sua primeira campanha eleitoral, o republicano era menos conhecido do grande público e os eleitores projetavam em si as suas convicções e desejos para o país, agora quase tudo mudou. Mas, apesar do leque de razões para não conseguir uma vitória, há quem veja em Trump um forte candidato.
Além disso, a recandidatura do ex-presidente está desta vez ensombrada pelos acontecimentos de 6 de janeiro de 2021 no Capitólio, invadido por uma multidão depois de Trump ter apelado aos seus apoiantes para que se manifestassem contra a vitória de Joe Biden.
O incidente, que fez várias vítimas mortais, mantém-se bem vivo na memória da população, até porque continua a decorrer a investigação judicial ao mesmo. Ainda no final de outubro, a comissão que investiga os eventos de 6 de janeiro intimou Trump a depor.
Muitos eleitores republicanos parecem ter mesmo virado costas ao ex-presidente devido a este episódio. Pode ser essa uma das razões dos maus resultados, nas recentes eleições intercalares, dos candidatos do Partido Republicano que declararam o seu apoio a Trump no que diz respeito à contestação dos resultados eleitorais de 2020. Já outros candidatos republicanos que não tinham demonstrando o mesmo apoio a Trump conseguiram, por outro lado, melhores resultados.
Também o argumento da idade pode pesar na recandidatura de Trump. Se ganhasse as eleições de 2024, teria 78 anos quando tomasse posse – mas continuaria, ainda assim, a ficar em segundo lugar na lista de presidentes mais velhos da história dos Estados Unidos, atrás de Joe Biden.
Porquê a urgência em anunciar a recandidatura?
Vários analistas políticos têm ponderado sobre a razão que levou Trump a apressar-se a anunciar uma recandidatura. Entre as explicações mais prováveis está o envolvimento do ex-presidente em dois grandes processos judiciais: o do assalto ao Capitólio e o das caixas de material classificado da Casa Branca que foram encontradas na sua residência em Mar-a-Lago.
Trump já assumiu, no passado, adorar a ideia de complicar a vida ao Departamento de Justiça. Agora, a recandidatura à presidência pode dificultar as investigações, pois o candidato poderá alegar que Joe Biden está a influenciar a Justiça no sentido de dificultar a corrida presidencial a Trump.
Este teria, assim, hipótese de insistir na ideia de “perseguição” e conluio contra si e contra os republicanos.
Para além daqueles processos judiciais, o antigo líder está também envolvido numa investigação à alegada adulteração de resultados eleitorais de 2020 no Estado da Geórgia, num caso de suspeitas de fraude envolvendo o seu império comercial em Nova Iorque e num processo de difamação relacionado com queixas de agressão sexual.
Outra razão para a pressa no anúncio de recandidatura pode residir nos bons resultados, nas eleições intercalares, de um possível rival republicano: Ron DeSantis.
Maggie Haberman, correspondente do New York Times na Casa Branca, acredita que Donald Trump não quer deixar espaço para adversários nas próximas eleições e que tem tentado, em particular, ofuscar DeSantis, governador da Florida – que acabou de ter uma vitória esmagadora sobre o opositor democrata Charlie Crist nas intercalares.
Argumentos para uma possível vitória
Há quem conteste, por outro lado, que apesar de ter conseguido bons resultados nas intercalares, DeSantis ainda não foi verdadeiramente testado e poderá não ser forte o suficiente para vencer uma corrida à Casa Branca.
Para Maggie Haberman, Trump é o mais forte candidato republicano até ao momento. “Até ver provas de que alguém é capaz de ser como Trump, este continua na liderança”, resume a correspondente num podcast do NYT.
O recandidato pode também ser beneficiado pela improbabilidade de o Partido Republicano se mobilizar contra ele. “Em teoria, podem fazê-lo”, mas Kevin McCarthy, candidato à liderança republicana da Câmara dos Representantes, precisa de Trump para conseguir ser eleito, visto que muitos dos membros desta são apoiantes do ex-presidente, explica Haberman.
Além disso, os republicanos podem acreditar que uma oposição a Trump seria em vão, já que em 2016 houve um esforço para o travar e esse esforço falhou.
Há ainda quem considere que Trump conseguiu uma grande proximidade dos eleitores republicanos, que terão a última palavra. E, por essa razão, até quem dentro do partido não simpatiza com Trump continua a vê-lo como um candidato forte.
O que pensam os republicanos sobre a recandidatura?
Durante muitos meses, os republicanos mostraram desagrado com a ideia de uma recandidatura de Trump, ou por terem em mente um candidato diferente, ou por quererem deixar para trás o passado menos positivo do partido.
Entre os republicanos que não veem futuro na recandidatura do ex-presidente está Jeb Bush Jr., que criticou o anúncio de Trump enquanto ele ainda discursava, classificando-o de "fraco".
Já o governador do Estado de Maryland, Larry Hogan, foi uma das primeiras figuras do partido a opor-se a uma recandidatura de Trump, tendo afirmado que o magnata já custou ao Partido Republicano as últimas três eleições.
Contudo, alguns nomes mais extremistas do Partido continuam firmemente do lado de Trump, como é o caso da congressista Marjorie Taylor Greene.
"O presidente Trump tem todo o meu apoio como nosso candidato Republicano em 2024. Faremos a América grande novamente", escreveu no Twitter.
Os deputados Republicanos Troy Nehls e Andy Biggs também apoiaram o ex-presidente, com Nehls a compartilhar um excerto do discurso de Trump dizendo: "O regresso da América começa agora".
c/ agências
Já o governador do Estado de Maryland, Larry Hogan, foi uma das primeiras figuras do partido a opor-se a uma recandidatura de Trump, tendo afirmado que o magnata já custou ao Partido Republicano as últimas três eleições.
Contudo, alguns nomes mais extremistas do Partido continuam firmemente do lado de Trump, como é o caso da congressista Marjorie Taylor Greene.
"O presidente Trump tem todo o meu apoio como nosso candidato Republicano em 2024. Faremos a América grande novamente", escreveu no Twitter.
Os deputados Republicanos Troy Nehls e Andy Biggs também apoiaram o ex-presidente, com Nehls a compartilhar um excerto do discurso de Trump dizendo: "O regresso da América começa agora".
c/ agências
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