O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou hoje que as tropas norte-coreanas que combatem ao lado da Rússia contra as forças ucranianas na região fronteiriça russa de Kursk já sofreram as primeiras baixas em combate.
"Sim, já houve perdas. É um facto", disse Zelensky em Budapeste, numa conferência de imprensa realizada no final da cimeira da Comunidade Política Europeia, que teve lugar na capital húngara.
Zelensky voltou a tornar públicas informações dos seus serviços de informação que foram também confirmadas pelos Estados Unidos, segundo as quais cerca de 11.000 soldados norte-coreanos estão na região russa de Kursk.
Segundo o líder ucraniano, uma parte destes militares já está a combater contra as forças de Kiev que ocupam parcialmente aquela região fronteiriça desde agosto passado.
O Presidente da Ucrânia voltou a alertar que o homólogo russo, Vladimir Putin, está atento à reação da comunidade internacional à entrada na guerra de soldados regulares de outro país.
E manifestou mais uma vez a sua convicção de que Putin irá incorporar mais soldados estrangeiros no seu Exército se este primeiro destacamento não receber uma resposta ocidental mais firme e concreta do que aquela que os aliados de Kiev têm dado até agora.
"Putin olha sempre para a reação do mundo e, neste momento, a reação não é suficiente", concluiu o chefe de Estado ucraniano, que anteriormente já tinha alertado, no encontro com os líderes europeus em Budapeste, que qualquer concessão do seu país a Moscovo será inaceitável para Kiev e para a Europa.
O Presidente ucraniano apelou para que os Estados Unidos e a Europa sejam fortes e valorizem as suas relações, ainda que a eleição do republicano Donald Trump para a presidência norte-americana lance incerteza sobre os laços de Washington com os seus aliados e o apoio à Ucrânia.
Mais de dois anos e meio depois de ter iniciado a invasão da Ucrânia, a Rússia está em vantagem militar na frente leste, registando progressos contra forças ucranianas em menor número e menos bem equipadas.
Num dia marcado por uma nova série de ataques intensos russos na Ucrânia, o secretário do Conselho de Segurança da Rússia e ex-ministro da Defesa, Sergei Shoigu, pressionou os aliados ocidentais de Kiev para iniciarem negociações.
"A situação no teatro das hostilidades não é a favor do regime de Kiev, o Ocidente tem uma escolha: continuar o seu financiamento [da Ucrânia] e a destruição da população ucraniana ou admitir as realidades existentes e começar a negociar", declarou.
Com o regresso de Donald Trump à Casa Branca, a bola está no campo norte-americano, comentou, por seu lado, o chefe da diplomacia de Moscovo, Serguei Lavrov, acrescentando que irá aguardar por "alguma proposta" do novo executivo de Washington, que só tomará posse em 20 de janeiro de 2025.