O fotojornalista turco da agência France Press (AFP), Yasin Akgul, detido na segunda-feira em Istambul, foi acusado pelas autoridades de participar numa manifestação ilegal. Porém, Yasin estava a fazer reportagem para a AFP, disse o seu advogado.
Explicou ainda que fora agora libertado da prisão de Metris, no entanto, as acusações contra o repórter de 35 anos não foram levantadas pelo tribunal, acrescentou.
Yasin Akgul, foi um dos sete jornalistas turcos presos nesta semana depois de vários dias a trabalhar para cobrir os protestos nas ruas das principais cidades do país. As manifestações em massa eclodiram a 19 de março, quando o presidente da câmara de Istambul, Ekrem Imamoglu – o principal rival político do presidente Recep Tayyip Erdogan – foi preso.
Akgul e os restantes jornalistas foram detidos, já em casa, durante uma operação antes do amanhecer no dia 24 de março, e mantidos sob custódia por um tribunal de Istambul. Foram acusados de "participar em manifestações e marchas ilegais e de não dispersarem apesar dos avisos", revelaram os documentos judiciais.
Estas detensões provocaram indignação de grupos de direitos humanos e da agência de notícias com sede em Paris.
Nesta quinta-feira, um tribunal de Istambul libertou Akgul e os outros seis jornalistas após os seus advogados apresentarem argumentos contra a prisão preventiva, de acordo com relatos da comunicação social turca.
As autoridades mantém a proíbição de qualquer manifestação em Izmir e Ancara e anunciaram que prenderam 1.879 pessoas desde o início da onda de protestos.
Destes, 260 foram encarcerados. Os restantes, mais de 950, foram libertados, mas quase metade deles estão sob vigilância judicial.
Suspensas emissões de televisão
O Alto Conselho Turco para Assuntos Audiovisuais - agência de radiodifusão turca RTUK - emitiu uma condenção contra um canal de televisão crítico de Erdogan, a Szc-Tv, impondo uma suspensão da emissão durante dez dias por alegado incitamento à violência durante a cobertura das manifestações.
"A emissora (...) recebeu uma suspensão de transmissão de dez dias", referiu o regulador em comunicado, citado na France24, apontando para alegadas violações associadas a "incitamento ao ódio e hostilidade".
Se o canal for considerado culpado de mais uma "violação" após o vencimento da proibição, a sua licença será revogada, acfrescentou a RTUK.
O Alto Conselho Turco anunciou que sancionou outros três orgãos de comunicação social.
Em resposta, o líder do principal partido de oposição, o Partido Republicano do Povo (CHP), a principal força de oposição, apelou a mais protestos para a noite de quinta-feira, junto à sede da RT-K, em Ancara.
"Mentalidade censor"
O porta-voz do partido da oposição CHP, Deniz Yacel, teceu duras criticas a Erdogan descrevendo-o como tendo "uma mentalidade censor" inspirada por Joseph Goebbels, o ministro alemão da Propaganda nazi do Terceiro Reich.
O presidente francês, Emmanuel Macron, também nesta quinta-feira, apontou o dedo ao Governo turco: “A perseguição sistemática dos números da oposição, da sociedade civil, dos ataques à liberdade de informar, de se manifestar, a detenção do presidente da câmara de Istambul são violações muito claras e ataques que só podem ser lamentados”.
A BBC também anunciou que a Turquia deportou um dos seus jornalistas - o correspondente da BBC News, Mark Lowen - que estava a reportar os protestos. As autoridades de Ancara alegaram que Lowen representava "uma ameaça à ordem pública".
A Turquia ocupa o 158º lugar dos 180 países listados no 2024 World Press Freedom Index compilado pela ONG Repórteres Sem Fronteiras.
c/agências