Um tribunal russo rejeitou hoje o recurso contra a detenção da jornalista russo-americana Alsu Kurmasheva, acusada de não se ter registado como "agente estrangeira".
Alsu "e o seu advogado pediram que a medida de coação fosse alterada de detenção para prisão domiciliária. O tribunal rejeitou o recurso", declarou um representante do Supremo Tribunal do Tartaristão, a região no centro da Rússia onde foi detida a 18 de outubro.
Alsu Kurmasheva é a segunda jornalista norte-americana a ser detida na Federação Russa este ano, depois de Evan Gershkovich, repórter do Wall Street Journal, ter sido preso por alegada espionagem em março, uma acusação que nega veementemente em conjunto com o seu empregador.
Kurmasheva, jornalista da Radio Free Europe/Radio Liberty (RFE/RL), financiada pelos Estados Unidos, foi detida em Kazan, a capital da República do Tartaristão.
A jornalista, que vive habitualmente em Praga com o marido e duas filhas adolescentes, foi inicialmente detida no Aeroporto Internacional de Kazan a 02 de junho, depois de viajar para a Federação Russa por causa de uma emergência familiar, segundo a RFE/RL.
As autoridades no aeroporto confiscaram à jornalista os passaportes russo e dos EUA, e multaram-na por não registar o dos EUA junto das autoridades russas.
Kurmasheva aguardava pela devolução dos seus documentos quando lhe foi feita a acusação na semana passada, informou a RFE/RL.
Na semana passada, um tribunal russo decidiu mantê-la em prisão preventiva até, pelo menos, 05 de dezembro, sob a acusação de não se ter registado como "agente estrangeiro", um crime passível de uma pena de prisão de cinco anos.
O diretor da RFE/RL, Jeffrey Gedmin, apelou à sua libertação imediata.
Vários grupos de defesa dos direitos humanos consideraram que a sua detenção marca um novo patamar na campanha russa contra os meios de comunicação social independentes.
A campanha contra os meios de comunicação intensificou-se consideravelmente desde que a Rússia começou a sua ofensiva na Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Alsu Kurmasheva reportou sobre as comunidades de minorias étnicas nas repúblicas do Tartaristão e Bascortostão, na Federação Russa.