Tribunal russo prolonga detenção do jornalista norte-americano Evan Gershkovich

por Cristina Sambado - RTP
Em abril um tribunal russo já rejeitado o pedido de libertação do jornalista Yulia Morozova - Reuters

Um tribunal russo decidiu prolongar a prisão preventiva do jornalista do Wall Street Journal até 30 de agosto. Evan Gershkovich foi detido a 29 de março por acusações de espionagem.

A decisão do Tribunal Distrital de Lefortovo surge na sequência de um pedido do Serviço de Segurança Federal Russo (FSB) para estender a detenção de Gershkovich.

O tribunal aceita o pedido dos investigadores para prolongar a medida preventiva sob a forma de detenção até 30 de agosto”, avançam as agências noticiosas russas.

Para o porta-voz da Casa Branca, John Kirby, o jornalista não devia ter sido detido. “O jornalismo não é um crime e Gershkovich tem de ser libertado imediatamente”. 

“Vamos trabalhar arduamente para o levar para casa, para junto da família, onde ele devia estar”, acrescentou.

O FSB prendeu Gershkovich, um cidadão norte-americano, a 29 de março na cidade de Yekaterinburg, no lado leste dos Montes Urais, sob acusações que implicam uma possível pena de 20 anos de prisão. O jornalista do Wall Street Journal é acusado de recolher segredos de Estado sobre o complexo industrial militar.

Gershkovich cobre assuntos relacionados com a Rússia desde 2017 e trabalhou anteriormente no jornal The Moscow Times e na agência France-Presse antes de entrar para o Wall Street Journal, em janeiro do ano passado. Nos últimos meses, o jornalista cobriu principalmente a política russa e o conflito na Ucrânia.

O Kremlin afirmou que Evan Gershkovich, o primeiro jornalista detido na Rússia por acusações de espionagem desde o fim da Guerra Fria, foi apanhado em flagrante delito. No entanto não são apresentadas provas, uma vez que o processo é confidencial.


A família de Evan Gershkovich, o Wall Street Journal e as autoridades norte-americanas rejeitam as acusações.

Na passada sexta-feira, a Rússia proibiu pela segunda vez uma visita consular ao jornalista, uma decisão apresentada por Moscovo como uma retaliação pela recusa de Washington em conceder vistos a alguns jornalistas russos em abril, quando o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, se encontrava na ONU em Nova Iorque.

A detenção de Gershkovich ocorreu numa altura de fortes tensões diplomáticas entre os EUA e a Rússia, agravadas pelo conflito na Ucrânia, com Washington a apoiar militar e financeiramente Kiev.

c/agências
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