O Tribunal Constitucional romeno ordenou esta quinta-feira a recontagem dos votos da primeira volta das eleições presidenciais, depois de o país ter ficado em choque com a vitória do candidato de extrema-direita, Calin Georgescu. Observadores consideram, porém, que a decisão poderá manchar a credibilidade das instituições do Estado.
A decisão surge depois de o candidato de extrema-direita Calin Georgescu, de 62 anos, ter obtido uma vitória na primeira volta com 22 por cento da votação, o que deixou muitos surpreendidos, já que as sondagens apontavam para apenas seis por cento.
A recontagem dos votos foi anunciada numa altura de debate também acerca do processo eleitoral na Roménia, que deverá realizar três eleições em três semanas.Georgescu gerou polémica ao elogiar políticos fascistas romenos da década de 1930, considerando-os heróis e mártires nacionais. Além disso, criticou a NATO e a posição da Roménia em relação à Ucrânia, que o país tem vindo a apoiar.
O candidato já reagiu à decisão do Tribunal Constitucional, dizendo que as instituições estatais estão a tentar negar a escolha do povo na primeira volta das eleições de domingo.
Georgescu deverá enfrentar numa segunda volta a 8 de dezembro a candidata centrista Elena Lasconi, que também condenou o anúncio do tribunal.
“O Tribunal Constitucional está a interferir no processo democrático pela segunda vez”, escreveu nas redes sociais, referindo-se a uma decisão anterior do tribunal de proibir um político de extrema-direita de concorrer às eleições presidenciais.
“Combate-se o extremismo através do voto e não de jogos de bastidores”, acrescentou.
Em outubro, o Tribunal Constitucional proibiu um político de extrema-direita de concorrer às presidenciais, numa decisão que analistas, grupos de defesa dos direitos civis e alguns partidos consideraram ter ultrapassado as suas competências.
TikTok sob investigação
A decisão de pedir a recontagem dos votos foi tomada depois de o candidato presidencial conservador Cristian Terhes, que obteve um por cento dos votos no passado domingo, ter contestado o resultado do escrutínio.
Terhes, eurodeputado que ficou em nono lugar na votação de domingo, acusa um dos partidos de ter continuado a fazer campanha online após o prazo autorizado.
O candidato acredita que isso pode ter favorecido Elena Lasconi, autarca centrista de uma pequena cidade, que ficou em segundo lugar, logo à frente do primeiro-ministro, Marcel Ciolacu, que se viu excluído da corrida apesar de ser o favorito nas sondagens.
O candidato acredita que isso pode ter favorecido Elena Lasconi, autarca centrista de uma pequena cidade, que ficou em segundo lugar, logo à frente do primeiro-ministro, Marcel Ciolacu, que se viu excluído da corrida apesar de ser o favorito nas sondagens.
O chefe da autoridade eleitoral do país, Toni Grebla, já avisou que serão necessários vários dias para recontar os votos, existindo cerca de 9,46 milhões de boletins.
O primeiro-ministro social-democrata Marcel Ciolacu ficou em terceiro lugar no domingo, apenas 2.740 votos atrás do segundo colocado, Lasconi.
Georgescu ganhou muitos votos entre os jovens eleitores e os romenos que vivem no estrangeiro, e a sua campanha apoiou-se fortemente na plataforma de partilha de vídeos TikTok.
Na quarta-feira, um alto funcionário do regulador de telecomunicações da Roménia pediu que o TikTok fosse suspenso enquanto se aguarda uma investigação sobre o papel da plataforma nestas eleições.
A rede social veio já rejeitar essas teorias e vincou que a maioria dos candidatos fez campanha também noutras redes sociais.
O principal órgão de segurança do país reúne-se na quinta-feira para discutir os potenciais riscos para a segurança nacional decorrentes de entidades cibernéticas estatais e não estatais.
c/ agências