Tolentino, o cardeal poeta na lista dos dez nomes que podem suceder a Francisco

por Cristina Santos - RTP
Praça de São Pedro, Vaticano. Reuters

O cardeal português José Tolentino de Mendonça é um dos dez nomes mais vezes apontado para ser o próximo papa. Em 2019, ao ingressar no Colégio Cardinalício, o papa Francisco disse-lhe: "Tu és a poesia". E o cardeal passou a ser conhecido em Roma como o "cardeal poeta".

A pergunta “quem será o próximo papa?” começou a circular logo após a notícia da morte de Francisco. Em teoria, qualquer homem católico e batizado pode ser eleito papa, mas a realidade tem sido bem diferente.
Poderá o conclave escolher alguém que representará “continuidade”? Será que a Igreja Católica vai ter o primeiro papa asiático? Ou o primeiro pontífice negro?
É impossível descobrir a resposta certa antes da decisão do conclave. Exemplo disso foi a escolha do papa Francisco, há 12 anos. Uma vez que poucos previram que Jorge Mario Bergoglio fosse o escolhido.

Desta vez, não há um nome que se destaque, mas há vários de potenciais escolhidos a circular pelos corredores do Vaticano. Um pouco pela imprensa internacional, o rosto e nome de Tolentino de Mendonça surge nessa lista.O cardeal português é apresentado como “um dos principais intelectuais da Cúria Romana” e “compatriota de Cristiano Ronaldo”.

Por exemplo, o jornal The Telegraph escreve que o “cardeal José Tolentino Calaça de Mendonça” é um dos candidatos “da ala liberal da Igreja”, vem “da ilha portuguesa da Madeira e foi nomeado pelo papa Francisco como chefe do departamento de cultura e educação” do Vaticano.

A edição eletrónica do britânico The Guardian apresenta o “cardeal poeta” como “um dos mais jovens potenciais sucessores de Francisco” e adianta que o fator idade “pode ser um ponto negativo para ele. Os cardeais mais ambiciosos talvez não queiram esperar 20 ou 30 anos por uma nova oportunidade de serem escolhidos”.

O Guardian lembra também que Tolentino de Mendonça provocou “polémica por simpatizar com visões tolerantes sobre os relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo” e também “por apoiar uma freira beneditina feminista que defende a ordenação de mulheres”. O cardeal é visto como tendo sido “próximo de Francisco na maioria das questões” e defende que a Igreja deve atualizar-se e “envolver-se com a cultura moderna”.

A imprensa internacional lembra que José Tolentino de Mendonça, nascido em 1965 na Ilha da Madeira, antes de assumir o cargo no Dicastério para a Cultura e a Educação foi arquivista e bibliotecário da Santa Sé, além de reitor da Universidade Católica Portuguesa.

A Skynews, por exemplo, lembra que o cardeal português “fala italiano fluentemente e inglês de forma razoável, além das línguas clássicas hebraico e grego antigos”.

Aos 59 anos, o cardeal português é um dos mais jovens potenciais sucessores do papa Francisco, sendo “conhecido pela sua formação intelectual e sensibilidade poética”, escreve o Times of India.

Desde que o colégio cardinalício foi criado, Portugal tem, pela primeira vez, quatro cardeais eleitores no conclave que vai escolher o sucessor de Francisco.

Para além dos quatro cardeais eleitores portugueses (António Marto, Américo Aguiar, Manuel Clemente e Tolentino de Mendonça), há outros nove nomes da lusofonia: sete são brasileiros, um é cabo-verdiano e um é timorense.

Quanto à escolha do próximo papa, esta vai, provavelmente, resumir-se a uma batalha entre os progressistas que aplaudem a postura relativamente liberal do papa Francisco em relação aos divorciados, aos gays e à situação dos refugiados, e os conservadores que viravam as costas a estas ideias.
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