Tiroteio e explosões em sala de concertos perto de Moscovo

por Joana Raposo Santos - RTP
Os investigadores russos anunciaram a abertura de uma investigação ao que apelidam de "ato terrorista". Maxim Shemetov - Reuters

A sala de concertos Crocus City Hall, nos arredores de Moscovo, foi esta sexta-feira palco de um tiroteio, avançaram os serviços de emergência da Rússia. De acordo com as autoridades russas, cinco pessoas em roupa camuflada abriram fogo e fizeram pelo menos 62 mortos e mais de 140 feridos, entre os quais crianças. Horas depois do ataque, o autoproclamado Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade pelo mesmo num canal na plataforma Telegram.

Segundo as agências, há registo de duas explosões e um incêndio no edifício onde ocorreu o tiroteio. A polícia está no local do incidente, assim como dezenas de ambulâncias e um helicóptero para extinguir as chamas.

“[Os combatentes do autoproclamado Estado Islâmico] atacaram uma grande concentração (...) nos arredores da capital russa, Moscovo”, declarou este grupo numa das suas contas do Telegram.

O grupo "regressou depois em segurança à sua base", refere a mensagem.

Ao fim da noite desta sexta-feira, os Estados Unidos disseram ter informações que confirmam a reivindicação de responsabilidade do grupo Estado Islâmico.

Vídeos divulgados nas redes sociais mostram o edifício, na cidade de Krasnogorsk, em chamas. Outros vídeos mostram pessoas no chão, rodeadas de sangue.

Num outro vídeo podem ver-se homens armados a disparar repetidamente sobre civis aos gritos, entre os quais crianças, na entrada do edifício.
"Cerca de uma centena de pessoas foram retiradas da cave do edifício pelos bombeiros. Estão em curso trabalhos para resgatar as pessoas no telhado do edifício, utilizando equipamento de elevação", declarou o Ministério das Situações de Emergência de Moscovo na plataforma Telegram.

Segundo a agência RIA, esse mesmo telhado começou entretanto a ceder.

Dos mais de 140 feridos, 60 estão em estado grave.

Os investigadores russos anunciaram a abertura de uma investigação ao que apelidam de "ato terrorista". "O Comité de Investigação russo abriu um processo criminal ao ato terrorista na região de Moscovo", escreveu no Telegram o organismo responsável pelas principais investigações criminais do país.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, avançou que o presidente Vladimir Putin está a receber atualizações sobre o tiroteio.

"Putin foi informado sobre o início do tiroteio nos primeiros minutos" e está agora "a receber informações constantes sobre o que está a acontecer" no Crocus City Hall, tendo dado "todas as instruções necessárias".

O presidente da Câmara Municipal de Moscovo, Sergei Sobyanin, decidiu "cancelar todos os eventos desportivos, culturais e outros eventos em massa" programados para este fim de semana em Moscovo.

A diplomacia russa já condenou o "atentado terrorista sangrento" e pediu a "toda a comunidade internacional" que condene "este crime odioso".
"Destruídos impiedosamente como terroristas"

O ex-presidente russo, Dmitri Medvedev, disse entretanto que a Rússia "destruirá" os líderes ucranianos caso se confirme que são responsáveis pelo ataque.

"Se for estabelecido que são terroristas do regime de Kiev... todos devem ser encontrados e destruídos impiedosamente como terroristas. Incluindo os líderes do Estado que cometeram tal atrocidade", afirmou na rede Telegram Medvedev, também número dois do Conselho de Segurança Nacional e conhecido pelas suas declarações radicais. O aeroporto de Vnukovo, perto de Moscovo, anunciou entretanto que aumentou as medidas de segurança.

Mykhaïlo Podoliak, conselheiro da Presidência ucraniana, veio já frisar que a Ucrânia "não tem absolutamente nada a ver" com o tiroteio em Moscovo, descrevendo-o como um "ato terrorista".

"Sejamos claros, a Ucrânia não tem absolutamente nada a ver com estes acontecimentos", vincou Podoliak no Telegram. "A Ucrânia nunca utilizou métodos de guerra terroristas".

A embaixada dos EUA na Rússia tinha avisado no início deste mês que "extremistas" tinham planos iminentes para um ataque em Moscovo. Esse alerta foi lançado horas depois de o Serviço Federal de Segurança da Rússia ter avançado que impediu um ataque do autoproclamado Estado Islâmico a uma sinagoga da capital russa.

A Rússia, que não sofre ataques terroristas desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022, foi palco de vários graves atentados nos últimos 15 anos.
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