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"Típico de Putin". Moscovo adiciona Yulia Navalnaya à lista negra de "terroristas e extremistas"

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Sebastian Christoph Gollnow - AFP

O nome da ativista da oposição russa Yulia Navalnaya, viúva de Alexei Navalny que morreu sob custódia em fevereiro, foi esta quinta-feira adicionado a uma lista de "terroristas e extremistas", dois dias depois de a Rússia ter emitido um mandado de captura contra si.

Yulia Navalnaya, de 47 anos, prometeu continuar a lutar a partir do exílio pela causa do seu marido, inimigo número um de Vladimir Putin, após a sua morte em circunstâncias obscuras numa prisão do Ártico, em fevereiro de 2024. 

A ativista russa culpa o presidente russo pela morte de Alexei Navalny, mas Putin nega qualquer responsabilidade e afirma que se tratou de uma morte natural. As autoridades da prisão onde se encontrava detido afirmaram que a causa foi uma "morte súbita". 

Através das suas redes sociais, Navalnaya denuncia regularmente o abuso de poder do presidente da Rússia, das autoridades russas e o destino dos dissidentes naquele país e apela aos apoiantes do opositor para não perderem a esperança.

Na terça-feira, o Ministério Público russo apresentou uma acusação contra Navalnya e emitiu um mandado de captura contra si por "participar num grupo extremista". O tribunal ordenou a prisão de Yulia Navalnya por um período de dois meses a contar da data da sua extradição para o território russo ou da sua detenção na Rússia.

"Yulia Borissovna (Navalnaya) escapou à investigação preliminar e, por conseguinte, foi colocada na lista de procurados", anunciou o serviço de imprensa dos tribunais de Moscovo na rede social Telegram, na terça-feira.

A resposta da viúva de Alexei Navalny não se fez esperar nas redes sociais. Yulia Nalvalnaya, que vive exilada no estrangeiro, denunciou o julgamento à revelia de que foi alvo por um tribunal de Moscovo, uma vez que uma condenação teve lugar na ausência do próprio arguido.

"Oh, o que é que não será o procedimento habitual? Um agente estrangeiro, depois a abertura de um processo-crime, depois uma detenção?!", comentou na rede social X.  "Quando escreverem sobre este assunto, por favor não se esqueçam de escrever o principal: Vladimir Putin é um assassino e um criminoso de guerra. O seu lugar é na prisão, e não algures em Haia, numa cela acolhedora com televisão, mas na Rússia - na mesma colónia e na mesma cela de 2 por 3 metros em que matou Alexei", denunciou.

A viúva de Navalny adicionada à lista negra

Dois dias depois de ser anunciado que é alvo de um mandado de captura, o nome de Yulia Navalnaya consta na lista mantida pela "Rosfinmonitoring", o serviço de informações financeiras da Rússia.

Kira Iarmych, antiga porta-voz de Alexei Navalny,  reagiu na rede social X ao anúncio de mandado de captura. "Que rapidez! (...) Se são assim tão diligentes, é porque Yulia Navalnaya está a fazer tudo bem", escreveu esta quinta-feira, a partir do exílio.


Esta quinta-feira à tarde, Yulia Navalnaya voltou a comentar o facto de ter sido adicionada à lista de "terroristas e extremistas" do Kremlim. "Senhor, não utilizei o meu telemóvel durante uma hora. Durante esta hora ela já se tornou uma terrorista", ironizou a ativista russa. "Ele matou o marido, registou a mulher como terrorista - típico de Putin", afirma.



c/agências
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