A morte de João Paulo II constitui a "perda de um amigo e de uma grande figura histórica que recolocou, em 1989, Timor-Leste no mapa do mundo e na agenda internacional", declarou hoje o chefe da diplomacia timorense.
Na opinião de José Ramos Horta, foi a visita do Papa João Paulo II, falecido no sábado no Vaticano, "que permitiu voltar a chamar a atenção da comunidade internacional para a situação em que se encontrava Timor-Leste, então ocupado pela Indonésia".
Ramos Horta recordou a polémica que envolveu a visita papal então realizada, designadamente pelo facto de João Paulo II não ter beijado o solo timorense quando desceu do avião, na única visita que fez a Timor-Leste.
"João Paulo II não beijou o solo mas sim uma cruz que se encontrava sobre uma almofada. Considero que foi um gesto imprevisto mas cheio de sabedoria, que tirou argumentos aos que o criticariam por não beijar directamente o solo, como fazia sempre que visitava um local pela primeira vez", destacou.
à chegada à Díli, em 1989, João Paulo II já tinha visitado Portugal e provinha de Jacarta, pelo que o Vaticano alegou na altura que não fazia sentido o Santo Padre voltar a beijar o solo em Timor- Leste.
De acordo com as Nações Unidas, Timor-Leste era um território administrado por Portugal, mas de facto estava ocupado militarmente pela Indonésia.
"O povo de Timor-Leste recorda com gratidão a visita papal quando Timor-Leste já tinha sido votado ao esquecimento. João Paulo II recolocou Timor-Leste no mapa do mundo e na agenda internacional", frisou.
"Devo dizer que se trata de uma das figuras mais marcantes dos séculos XX e XXI. Foi ele a força moral que levou ao desmoronamento do sistema soviético e ajudou a libertar a Europa Central, de Leste e os países bálticos", realçou ainda Ramos Horta.