Timor-Leste pede empenho da ONU para descolonização de territórios não autónomos

por Lusa
Karlito Nunes pediu a atenção da ONU para várias questões que afetam o mundo nesta altura D.R.-UN Cia Pak

Timor-Leste pediu na 76.ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que a organização se empenhe na descolonização dos restantes 17 territórios não autónomos para permitir à sua população "os seus direitos de autodeterminação".

"Ao embarcarmos na quarta década para a erradicação do colonialismo, Timor Leste deseja aproveitar esta oportunidade para instar as Nações Unidas a empenharem-se no trabalho do Comité Especial para a Descolonização com o objetivo de realizar a descolonização dos restantes 17 territórios não autónomos, para permitir às pessoas nesses territórios exercerem os seus direitos de autodeterminação", apontou o presidente timorense, Francisco Guterres Lú-Olo, numa declaração lida, na segunda-feira, pelo representante permanente de Timor-Leste na ONU.

No discurso lido por Karlito Nunes, Lú-Olo destacou o caso do Saara Ocidental, apontando que uma missão da ONU está presente no território há cerca de três décadas, mas os progressos "não têm sido satisfatórios".

"Reiteramos, mais uma vez, o nosso apelo ao secretário-geral das Nações Unidas para que o seu enviado especial para o Saara Ocidental reative urgentemente o processo de negociação entre a Frente Polisário e Marrocos", defendeu o chefe de Estado timorense, na data em que se assinalaram 19 anos desde que Timor-Leste se tornou no 191.º Estado-membro da ONU.

Panóplia de temas abordados

Lú-Olo enalteceu também a língua portuguesa e sugeriu que esta "poderia também ser considerada como uma das línguas oficiais da ONU".

Na comunicação lida pelo representante permanente de Timor-Leste na ONU, Lú-Olo abordou também a pandemia da covid-19.

"A pandemia de covid-19 criou desafios globais que afetaram não só o setor da saúde, mas também criou um impacto devastador no setor socioeconómico", referiu o chefe de Estado timorense.

Lú-Olo abordou também as alterações climáticas, que continuam "no topo da agenda" timorense, uma vez que países como Timor-Leste "são frequentemente forçados a lidar com acontecimentos climáticos graves, tais como inundações, deslizamentos de terras, secas, subida do nível do mar e aquecimento global", que ameaçam a sua existência, a humanidade e os direitos humanos.

Para combater o fenómeno, o chefe de Estado referiu que Díli tem empenhado esforços na reflorestação e correção dos leitos dos cursos de água, assim como para o combate aos resíduos plásticos.

O presidente timorense criticou também o embargo económico, comercial e financeiro unilateral contra Cuba, dizendo que este "viola os valores e princípios consagrados na Carta das Nações Unidas".

De igual modo, Lú-Olo mostrou-se preocupado com as tensões e conflitos em Mianmar e Afeganistão -- pedindo respeito pelos direitos das mulheres, do povo afegão e "dos estrangeiros que desejam deixar o país" -- e, no caso do conflito entre Israel e Palestina, defendeu que "uma solução duradoura só é possível com a existência, lado a lado, do Estado de Israel e do Estado da Palestina".
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